- Folha de S. Paulo
Geraldo Alckmin (PSDB) recorreu ao mercado de anabolizantes da política
Geraldo Alckmin tomou uma injeção de PMMA. De um dia para outro inflou. Ficou na aparência competitivo na disputa pelo Planalto (apesar dos 7% de preferência do eleitorado, segundo o Datafolha).
Projeta-se maior após receber doses cavalares de tempo de TV fornecidas pela aliança com DEM, PP, PR, PRB e SD. Uma sopa de letras tão letal quanto a sigla que identifica o silicone usado em cirurgias estéticas.
Magro nas pesquisas, Alckmin recorreu ao mercado de anabolizantes da política (só a base de muita metáfora para entender isso). Para tanto, procurou o líder do PR, o mensaleiro condenado Valdemar Costa Neto.
Valdemar é um Dr. Bumbum da política. Opera na semiclandestinidade, carrega seu estoque tóxico de fisiologismo para inocular nos aliados de ocasião. E está pronto para sair de cena tão logo algo dê errado na coligação siliconada.
Se o tucano —mesmo com um bom naco de TV— não crescer, o PR e alguns associados vão escapar do flagrante e atuar noutra frente.
Assim, flácido, Alckmin vai sofrer as dores de um crescimento artificial e malformado. Pode vir a claudicar em plena campanha. Pior, terá negligenciado a prática de exercícios obrigatórios que sempre fizeram parte do núcleo duro do PSDB e que garantiam a coesão e musculatura do partido mesmo na oposição. Responsabilidade fiscal, reforma do Estado, desaparelhamento, não são o forte desse grupo.
Não se faz política sem alianças ou cavalgando um moralismo extremado. Mas a falta de empuxo da candidatura de Alckmin nesta fase tornou-o presa dos interesses oportunistas dos novos aliados. Já se fala nos bastidores em divisão do butim se o tucano for eleito.
Eleição sem doping, isto é, sem réus da Lava Jato, sem caixa 2, sem fisiologismo, parece ser essa a demanda reprimida do eleitorado. Ao concorrer dopado pelo centrão, Alckmin pode até largar bem, mas, se vai chegar inteiro numa corrida de obstáculos como uma eleição presidencial, é outra história.
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