Quando Haddad e Ciro coincidem no intervencionismo, convém lembrar a experiência do pré-sal
A campanha eleitoral transcorre enquanto ainda estão visíveis os efeitos da grande crise econômica de 2015/16, e isso tem uma vantagem didática. Não que não se tentem manipulações. Elas estão sempre presentes na política. Porém, fica mais difícil exercitá-las diante de fatos objetivos ainda na memória das pessoas.
O preposto de Lula nas eleições, o ex-prefeito Fernando Haddad, candidato do PT, acaba de defender a política dos “campeões nacionais” seguida pelo BNDES no governo Dilma, em que bilhões de recursos provenientes de dívida do Tesouro foram mal alocados.
No debate deste tema, é inevitável chamar a atenção para a crise do grupo JBS, envolvido em corrupção, um dos beneficiários dos financiamentos subsidiados distribuídos pelo banco, dentro daquela política. Sem que a agropecuária, setor da empresa, tenha auferido grandes benefícios.
Outro candidato a presidente, do mesmo campo ideológico de Haddad, Ciro Gomes (PDT), na sabatina a que se submeteu na quarta-feira ao GLOBO, ao “Valor Econômico” e à revista “Época”, seguiu a mesma linha da petista, por sua vez inspirada no intervencionismo do governo Geisel, na ditadura militar.
Ciro defendeu a receita que já não funcionou em Geisel e Lula/Dilma: uma política industrial baseada em incentivos (fiscais e creditícios) e no protecionismo, ou seja, na reserva de mercado.
Não é preciso recuar muito no tempo para fazer o inventário das ruínas causadas por este modelo. O resultado desta mesma política adotada pela dupla Lula-Dilma a partir das descobertas no pré-sal estão visíveis em pátios de estaleiros, como mostrou reportagem recente do GLOBO.
Não faltam tubos enferrujados, estruturas de navios, de plataformas e de sondas abandonadas. A origem deste cemitério de prejuízos é o conhecido voluntarismo com que certos economistas heterodoxos se lançam para fazer o Brasil crescera qualquer custo. Nunca dá certo. Mas eles continuam atentar por uma questão de fé.
Este caso recente é o do programa de substituição de importações de equipamentos para a exploração de petróleo, coma construção de sondas, plataformas e navios a serem empregados pela Petrobras no desbravamento do pré-sal. Dinheiro subsidiado e mercado garantido são fortes atrativos. Mas, como no tempo de Geisel, os custos ficaram em segundo plano.
O desfecho era previsível: a empresa criada para gerenciar todo este programa, a Sete Brasil, quebrou, porque a Petrobras não tinha como comprar equipamentos apreços tão altos. O castelo de cartas desabou e um investimento de mais de R$ 17 bilhões está enferrujando nos estaleiros.
Foi a segunda tentativa com este tipo de modelo. Como há quem queira tentar pela terceira vez, é preciso relembrar este caso de fracasso.
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