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O que será da campanha de Bolsonaro sem ele
O deputado Jair Bolsonaro (PSL), alvo de um atentado há 12 dias e internado em um hospital de São Paulo, tem um problema. Um baita de um problema.
Para ser preciso, Bolsonaro, que segundo os médicos está proibido de falar, não sabe que tem um problema. Seus companheiros de aventuras é que sabem e têm.
Como disputar o primeiro turno da eleição com um candidato que talvez não se recupere até lá por mais que seus filhos digam que ele é tão forte quanto “um cavalo”?
E se a saída de cena de Bolsonaro se estender por parte do segundo turno, quer ele o dispute como parece certo, ou caso fique de fora?
Bolsonaro é ele mesmo e suas circunstâncias. Deu voz a um Brasil conservador, repleto de preconceitos e em parte saudoso do regime da lei e da ordem.
Como Donald Trump, nos Estados Unidos, jamais imaginou que poderia chegar lá, nem se preparou para tal. Agora, sequer pode refletir a respeito.
O que se apresenta como o estado maior da campanha de Bolsonaro pode ser um estado, mas de baixa estatura e formado à base do improviso.
O vice, um general que admite o autogolpe e que defende uma nova Constituição escrita a poucas mãos, não foi a primeira escolha de Bolsonaro, nem a segunda.
O presidente do partido ao qual o candidato se filiou é um evangélico ensandecido, capaz de disparar os mais chocantes absurdos sem franzir o cenho.
Os filhos… Três dependem do pai para se eleger. O quarto se prepara para entrar na política surfando na popularidade do pai. São toscos como Bolsonaro.
Sobra o economista Paulo Guedes, a quem Bolsonaro delegaria a condução do governo uma vez eleito. Guedes considera Bolsonaro um cara domesticável, ou a domesticar. Veja só…
Enquanto permanecer sem voz, entre a vida e a morte, quem comandará uma tropa dessas? Quem arbitrará as divergências? Quem falará para a turba inquieta e sem líder no momento?
O atentado serviu para dar coesão aos eleitores do capitão que baixou ao hospital para se curar de ferimentos. Mas eles não são suficientes para Bolsonaro se eleger.
Quem negociará apoios a Bolsonaro em um eventual segundo turno? Quem firmará compromissos em seu nome? Como os eleitores reagirão à sua ausência?
O dia D de Alckmin
É fato que muitos políticos abandonaram Geraldo Alckmin (PSDB) mal os nove partidos que o apoiam oficializaram seu apoio. E que Alckmin sabia que isso iria acontecer.
É fato que embora Alckmin se arraste sem conseguir decolar, ainda restam 24 dias até que os eleitores possam definir que candidatos disputarão o segundo turno da eleição presidencial.
Pode não parecer, mas isso significa muito tempo. Em 2006, por essa época, Lula, que tentava se reeleger, tinha uma vantagem de 22 pontos percentuais sobre Alckmin.
A vantagem evaporou-se rápido. Alckmin foi para o segundo turno com pinta de quem talvez vencesse. Tornou-se autor de uma proeza notável: teve menos votos do que no primeiro turno.
Mas políticos ávidos por votos não querem saber de nada disso. O prazo que deram para que Alckmin se mexa convincentemente para cima deverá se esgotar hoje, dia de nova pesquisa Datafolha.
ACM Neto, prefeito de Salvador e presidente do DEM, aliado sincero de Alckmin, assiste a ameaça de debandada de suas bases eleitorais na Bahia e tenta contê-la.
Aos candidatos do seu partido irredutíveis em tal propósito, ele deseja felicidades e renova o compromisso de estarem sempre juntos. Aos que não são candidatos, pede que fiquem com Alckmin.
A questão não é simples assim. Os não candidatos, do DEM ou de qualquer outro partido, disputam indiretamente a eleição por meio dos que são candidatos. Tem interesse que eles se elejam.
A um político, pode-se pedir tudo – menos que se suicide. Daí… Pois é. O relógio corre contra Alckmin.
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