Na véspera da convenção que vai oficializar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência, o Centrão mudou de lado e decidiu fazer aliança com Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB. A reviravolta aconteceu depois que o PR se juntou ao bloco, formado por DEM, PP, Solidariedade e PRB. Chefe do PR, Valdemar Costa Neto exigiu que o vice na chapa seja Josué Gomes da Silva (PR-MG), filho do ex-vice-presidente José Alencar. Dirigentes do Centrão disseram a Alckmin que o acordo poderá ser anunciado na quinta-feira. A mudança do bloco, que estava inclinado a apoiar Ciro, foi resultado de diversos fatores políticos, entre eles pressões do Planalto. O peso maior, porém, é atribuído à decisão de Valdemar. Juntas, as siglas do Centrão têm cerca de 5 minutos por dia no horário eleitoral. A partir de hoje, os partidos fazem suas convenções para definição de candidaturas. O prazo final é 5 de agosto.
Centrão se afasta de Ciro e fecha apoio a Alckmin
Apoio ao pré-candidato do PSDB foi definido após o PR acertar que indicará o vice
Felipe Frazão Vera Rosa / O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA - Na véspera da convenção que vai oficializar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência, o Centrão mudou de lado e decidiu fechar aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB. A reviravolta de última hora, isolando Ciro, ocorreu depois que o PR, chefiado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, se juntou ao bloco formado por DEM, PP, Solidariedade e PRB.
Em reunião realizada ontem, em São Paulo, dirigentes do Centrão disseram a Alckmin que, se não houver nenhum obstáculo no meio do caminho, o acordo será anunciado oficialmente no dia 26. O candidato a vice na chapa do tucano será o empresário Josué Gomes da Silva (PR), filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011.
No mercado eleitoral, o apoio do Centrão é visto como muito importante na disputa pelo Palácio do Planalto. Juntos, os partidos têm no mínimo 4 minutos e 12 segundos por dia no horário eleitoral de rádio e TV, que começa em 31 de agosto. O PR dispõe de mais preciosos 45 segundos. Na Câmara, esses partidos abrigam uma bancada de 164 deputados, dos atuais 513.
A mudança do bloco, que até os últimos dias estava inclinado a avalizar a candidatura de Ciro, foi resultado da soma de fatores políticos. O peso maior, porém, é atribuído a Valdemar, que atuou como uma espécie de fiel da balança no bloco e exigiu uma composição com Josué de vice.
Alckmin cancelou compromissos em Montes Claros (MG), ao lado do senador Antonio Anastasia – pré-candidato do PSDB ao governo de Minas – para conversar ontem com representantes do Centrão. Diante da resistência do Solidariedade à aliança com Alckmin, o ex-governador se comprometeu a avaliar uma forma de compensar o fim do imposto sindical. “Vamos governar juntos. Ninguém faz política sozinho”, disse ele.
Antes do acordo, o PR negociava apoio ao deputado Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, que está em primeiro lugar nas pesquisas em cenário sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso da Lava Jato, na disputa eleitoral. Como a dobradinha com Bolsonaro não vingou, Valdemar se juntou ao Centrão.
Um jantar com integrantes do bloco, na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), na quartafeira, praticamente selou o destino do grupo. Ali, Valdemar manifestou preferência por Alckmin, mas disse que seguiria a posição dos colegas, qualquer que fosse.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estava no Chile e não participou do jantar, mas foi consultado por telefone. De volta, foi anfitrião de um café da manhã com o bloco ontem, em sua casa. Ouviu as ponderações de Valdemar e percebeu que não tinha maioria nem no DEM para o aval a Ciro.
Além disso, declarações do pré-candidato do PDT – consideradas desastradas –, como o xingamento a uma promotora de Justiça, na ação movida por injúria racial em declaração crítica ao vereador paulistano Fernando Holiday (DEM), contribuíram para o Centrão ficar com receio de marchar com ele.
Discurso. Pesou ainda contra Ciro o fato de ele não ter conseguido manter uma retórica alinhada com o que os liberais do Centrão acreditam. A pedido de Maia, o economista Claudio Adilson Gonçalez se reuniu com Mauro Benevides, responsável pelo programa econômico da campanha do PDT, e saiu da conversa dizendo que a linha de pensamento “não é conciliável”. Afirmou também que o discurso de Ciro é “perigoso e desestabilizante”. Outro fato que irritou o Centrão foi a crítica do presidenciável do PDT ao acordo da Embraer com a Boeing, chamado por ele de “clandestino”.
Além de oferecer Josué como vice, o bloco exigiu como condição para o apoio a recondução de Maia à presidência da Câmara, se o deputado e Alckmin forem eleitos. O tucano aceitou.
Na quarta-feira, o ex-governador elogiou o filho de José Alencar. “Josué é uma pessoa pela qual tenho grande estima”, disse Alckmin.
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