- Folha de S. Paulo
Somos a última geração capaz de fazer a diferença
A geração de nativos sustentáveis já tem idade para fazer protesto. E aos herdeiros do planeta, com 11 a 16 anos, interessa a ação. Os novos e futuros líderes já se destacam no universo midiático com suas demandas, como a menina sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que iniciou um movimento de greve escolar em prol de ações mais efetivas contra as mudanças climáticas. Em discursos no Parlamento de seu país, ela resume: "As mudanças climáticas estão aqui, ameaçando o futuro, e os adultos responsáveis não estão levando isso a sério".
A pressão dessa juventude por ações concretas já foi objeto de comentário do ex-presidente norte-americano Barack Obama, em sua página no Twitter: "Esta geração de ativistas climáticos está cansada da inação e está chamando a atenção de líderes de todo o mundo".
Tal inação é global e pode ser vista no Brasil também nos resultados dapesquisa Akatu de 2018, que avalia o grau de consciência das pessoas na hora de consumir. O levantamento indica que 68% dos brasileiros já ouviram falar em sustentabilidade, mas 61% não sabem dizer o que é um produto sustentável.
Ou seja, há uma clara dificuldade de transportar o desejo e o conhecimento pela sustentabilidade em mudança de hábitos. O chamado "do call for action" ainda não chegou. O problema é que, para as próximas gerações, não dá mais para tratar a sustentabilidade como uma aspiração.
Institucionalmente, o Brasil já conhece suas metas: reduzir emissões dos gases do efeito estufa em 43% frente a 2005; restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares; incentivar a integração de lavoura, pecuária e florestas em 5 milhões de hectares; zerar o desmatamento ilegal; atingir 45% de energias renováveis no mix brasileiro, sendo 18% em bioenergia; e expandir o consumo por biocombustíveis.
Nesse sentido, o setor de árvores plantadas para fins industriais é um dos aptos a fortalecer os objetivos do Brasil no Acordo de Paris e ajudar a trazer essa meta para ação.
Somos o maior expert mundial em plantio de árvores para fins industriais com plantações feitas em áreas degradadas previamente pelo homem. Estocamos 4,2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente.
Os produtos também estão alinhados com uma demanda mais sustentável por serem de fonte renovável, reciclável e biodegradável. No planejamento para os próximos anos, as empresas também já incorporaram a realidade das mudanças climáticas, desenvolvendo tecnologias e árvores mais adaptadas para um cenário de estresse climático.
A Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), entidade responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria, junto a seus principais públicos de interesse, está comprometida em ajudar o Brasil e o mundo a lutar contra esse cenário. Mas queremos mais. Investimos para que o setor e o Brasil assumam o protagonismo mundial no que tange a uma economia de baixo carbono. Somos a última geração capaz de fazer uma grande diferença quanto ao aquecimento global, que ameaça todo o planeta.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês), da ONU (Organização das Nações Unidas), só a transformação radical no modo como produzimos e vivemos pode limitar o aquecimento do planeta em 1,5 ºC. E essa mudança vai precisar de todos --indivíduos, comunidades, empresas, países.
Cabe também ao setor produtivo ajudar nesse processo de conquista de consciência e de transformação do conhecimento em ação, como bem reclamam os nativos sustentáveis ao redor do mundo.
Precisamos estar todos juntos em prol da luta contra as mudanças climáticas. Se os protestos de crianças e jovens na Inglaterra ajudaram a inspirar o Parlamento britânico a decretar estado de emergência climática, nós, empresas, governo e população, podemos ir ainda mais longe.
*Paulo Hartung, economista, presidente-executivo da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) e ex-governador do Espírito Santo (2003-2010 e 2015-2018)
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