- O Globo
A
placa descerrada na cerimônia anunciava o início de uma “arrancada histórica”.
De terno e gravata na selva, o presidente Emilio Garrastazu Medici se empolgou
ao testemunhar a derrubada de uma árvore de 50 metros de altura. A queda da
castanheira foi “aplaudida entusiasticamente” pelo general, relatou o enviado
especial do GLOBO.
Medici
havia pousado em Altamira para inaugurar a construção da Transamazônica, que se
estenderia por mais de cinco mil quilômetros, cortando sete estados. A visita
completou 50 anos na sexta-feira, mas a rodovia nunca ficou pronta. Alguns
trechos foram engolidos pela floresta, outros jamais saíram do papel.
A
obra faraônica fazia parte do Programa de Integração Nacional, lançado em 1970.
A ditadura embalou o plano com o lema “Integrar para não entregar”. Nas
palavras de Medici, era preciso “colonizar” a região para combater o “interesse
estrangeiro”. O general prometia tirar o “relógio amazônico” do passado. Sua
visão de futuro se resumia a fumaça, asfalto e motosserra.
A
pretexto de povoar a Amazônia, os militares promoveram a exploração predatória da
floresta. A ditadura estimulou a derrubada da mata para a criação de gado e o
cultivo de soja. Garimpeiros e madeireiros também receberam subsídio para
desmatar. Tudo em nome da “soberania nacional”.
Os
delírios amazônicos se parecem, mas há diferenças. No diálogo com Al Gore
reproduzido pelo documentário “O Fórum”, o capitão é explícito: “Temos muita
riqueza na Amazônia, e eu adoraria explorar essa riqueza com os Estados
Unidos”. Os generais ainda se preocupavam com as aparências.
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Nas eleições do Rio, nada se cria. Na
estreia do horário eleitoral, a candidata do PSOL, Renata Souza, lançou o
slogan “O Rio vai voltar a sorrir”. Cópia do jingle de Leonel Brizola na
disputa de 2004. A pedetista Martha Rocha se apresentou como candidata da
coligação “Unidos pelo Rio”. É o mesmo nome das alianças de Luiz Paulo Conde,
em 2000, e Eduardo Paes, em 2008.
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