Por
Alvaro Gribel (interino)
O
Brasil chega a 150 mil mortes na pandemia combinando o pior dos cenários:
elevado custo econômico e um número assustador de perdas humanas. Na média de
mortes por milhão, o país é o pior entre as 10 maiores populações. Ultrapassou
os Estados Unidos. Na economia, também não há o que comemorar. O custo fiscal
foi mais elevado porque o governo não soube fazer o que era mais barato:
comunicar de forma eficiente e orientar a população. Vários estudos têm
comprovado que há uma relação direta entre a redução das mortes e a recuperação
do consumo.
O
FMI divulgou um relatório importante na última semana confirmando que os países
que melhor controlaram o vírus estão tendo maiores ganhos econômicos. Se a
perda no curto prazo foi mais forte, pelas políticas de isolamento social, no
médio prazo isso está sendo compensado pela volta da confiança. O Fundo lembra
que há o isolamento orientado pelo governo e o isolamento voluntário, quando as
famílias ficam trancadas em casa pelo medo do vírus. De um jeito ou de outro o
isolamento acontece, e é melhor que seja de forma organizada. Isso quer dizer
que nunca houve trade off entre saúde e economia, as duas coisas sempre andaram
juntas, de forma complementar.
Quem
lê o estudo do FMI percebe que o governo brasileiro continua se deixando levar
pelos acontecimentos. Como ainda não há certeza de quando haverá vacina, o que
vai determinar a recuperação no ano que vem será a capacidade de a população se
sentir segura e de o maior número de setores trabalhar remotamente. É crucial
que as populações mais vulneráveis tenham acesso à internet de alta velocidade
para trabalhar à distância. O mesmo vale para o uso de máscaras, as testagens
em massa e as estratégias de rastreamento. Pouco disso — para não dizer nada —
foi feito pelo governo federal. Por isso as estatísticas mostram gastos
exorbitantes, uma crise fiscal sem precedentes, e um número inadmissível de
perdas de vidas de brasileiros.
Fuga de
estrangeiros
A
crise fiscal e a pandemia ainda sem data para acabar têm pesado sobre a bolsa,
que há dois meses vem andando de lado. Pelo gráfico, extraído de uma apresentação
do presidente do Banco Central, percebe-se uma fuga em massa de capital
estrangeiro da B3. Enquanto o investidor pessoa física entrou com R$ 33,7 bi
até setembro, e o investidor institucional, com mais R$ 56,8 bi, o estrangeiro
retirou R$ 87,5 bilhões de papéis de empresas brasileiras.
Fundos parados
Se o Brasil precisa de investimentos em tecnologia da informação, há cerca de R$ 100 bilhões parados em três fundos do setor, segundo Vivien Suruagy, presidente da Feninfra (Federação da Indústria de Infraestrutura de Redes e Telecomunicações). Ela explica que esse dinheiro do Fust, Funttel e Fistel não foi usado durante a pandemia e ainda encareceu o serviço na forma de encargos. “Somente 8% do que foi recolhido até hoje foi investido no setor. Foi tudo para a conta do governo”, explica. Ela teme os efeitos da reoneração da folha, que pode levar a demissões em massa no setor de telecom e provocar um apagão do serviço a partir de janeiro.
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