Qual
seria a tal direita iluminada com que Bolsonaro se identifica?
Depois
de apanhar nas redes por uma semana, Jair Bolsonaro se irritou com as milícias
digitais que costumavam agir a seu favor. Numa transmissão ao vivo, ele disse
que os ataques à
sua primeira indicação ao STF partiam de "uma direita
burra". "Não é infiltrado de esquerda! Não é petista, não!",
reclamou.
Em
2018, o candidato extremista que explorou uma agenda ultraconservadora
conseguiu se vender como o verdadeiro representante da direita naquela
campanha. Hoje, o presidente se sente confortável para questionar a
inteligência dos ex-apoiadores que criticam os acordos políticos que ele fechou
em busca de proteção para sua família.
Qual
seria a tal direita iluminada com que Bolsonaro se identifica? O presidente
pode estar pensando na turba que perseguiu uma menina de 10 anos que buscava um
aborto legal depois de ser estuprada pelo tio. Ou na ministra de Estado
que defendeu que
ela levasse a gravidez adiante.
Ainda
é possível que a referência destra do chefe de governo sejam os torturadores da
ditadura militar. O próprio Bolsonaro, afinal, já usou o cargo para enaltecer o
coronel Brilhante Ustra, condenado por sua atuação no regime. Na última semana,
o vice Hamilton Mourão disse que aquele era “um homem de honra”.
O
presidente também deve atirar na vala da "direita burra" os liberais
que veem nele uma desconexão
com os princípios econômicos que distinguem governos desse lado
do espectro político. O líder ilustrado, por outro lado, já propôs taxar
desempregados e reduzir benefícios pagos a idosos miseráveis.
Bolsonaro
é um direitista esperto. Embora muitos eleitores desse campo possam estar
decepcionados com algumas de suas atitudes, ele sabe que pode contar sempre com
o velho apelo ao medo da esquerda para conquistá-los de volta.
"O que o pessoal fez com o Macri?", perguntou, naquela transmissão ao vivo, em referência ao ex-presidente argentino. "Porrada nele o dia todo. E o que aconteceu? Voltou a esquerdalha da Cristina Kirchner!"
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