Pesquisas
eleitorais de 'The New York Times', CNN e Ipsos indicam candidato democrata à
frente em diferentes cenários
Mais
de 7 milhões de eleitores americanos já depositaram seu voto. Se a composição
do eleitorado que está votando até o dia 3 for parecida com a dos entrevistados
nas pesquisas de intenção de voto, Joe Biden terá vitória tão contundente no
colégio eleitoral que deixará pouca margem para contestação.
Os
institutos de pesquisas afirmam ter corrigido os erros cometidos em 2016. Eles
acertaram no resultado nacional, ao prever a vitória de Hillary Clinton, mas
erraram nos Estados, que definem a eleição dos delegados ao colégio eleitoral
proporcional à população de cada um.
A
divisão de estatísticas do New York Times calcula que, mesmo que as
pesquisas estaduais deste ano estejam tão distorcidas quanto em 2016, ainda
assim Biden obteria 319 cadeiras no colégio eleitoral, e Trump, 219. São
necessárias 270 para se eleger.
Considerando
apenas os Estados nos quais um candidato tem 3 pontos porcentuais de vantagem
sobre o outro, Biden teria 341 delegados e Trump, 125. De acordo com a CNN, os
Estados que estão solidamente no campo de Biden somam 203 cadeiras e aqueles
que se inclinam para ele são mais 87, totalizando 290. Trump tem 163.
Segundo
modelo matemático da revista The Economist, Biden teria 350 votos no
colégio eleitoral e Trump, 188. A chance de o candidato democrata vencer é de
92%, calcula a revista; a de o partido continuar com maioria na Câmara é de 99%
e a de conquistá-la no Senado, 70%.
O
modelo diz que os democratas devem ficar com 220 a 263 deputados, ou seja,
acima da maioria de 218, e 47 a 57 senadores, sendo a média das projeções de
51,8. A maioria se forma com 51 e o vice-presidente, que preside o Senado, pode
desempatar as votações.
Esses
dados são importantes para definir o alcance da atuação do eventual governo
Biden. A Câmara detém a prerrogativa de abrir processo de impeachment e o
Senado, de julgá-lo.
Além
disso, é o Senado que aprova a nomeação tanto de secretários quanto de juízes
da Suprema Corte. Dos três juízes com 70 anos ou mais, o mais velho, Stephen
Breyer, de 82 anos, é liberal. Clarence Thomas, de 72, e Samuel Alito, de 70,
são conservadores.
Se
Trump conseguir preencher a vaga da juíza liberal Ruth Bader Ginsburg com a
conservadora Amy Coney Barrett, a Corte ficará com 6 conservadores e 3
liberais. O presidente, John Roberts, é considerado conservador mas oscila nas
votações, tendo apoiado os liberais em duas decisões recentes sobre o direito
ao aborto na Louisiana e dos imigrantes que chegaram ilegalmente quando menores
de idade.
Trump
festejou, na sexta-feira, com razão, o resultado de pesquisa do Instituto
Gallup, na qual 56% dos americanos se consideram em melhor situação do que em
2016, enquanto 32% se dizem em pior condição. Entretanto, a pesquisa foi
realizada entre os dias 14 e 29 de setembro – antes de expirar, no fim do mês,
a ajuda federal de US$ 600 por semana para os desempregados e necessitados,
além do estímulo a empresas.
Com
essa ajuda, os americanos de mais baixa renda passaram a ganhar mais do que
quando estavam empregados, já que o salário mínimo de US$ 7,25, por exemplo,
rende US$ 290 para uma jornada de 8 horas e 5 dias por semana. Além disso,
entre os mesmos entrevistados, 44% aprovam seu governo e 41% veem o presidente
de forma favorável. Significa que mesmo uma parte dos americanos que reconhecem
que sua vida melhorou reprova o governo e, principalmente, Trump.
* É colunista do ‘Estadão’ e analista de Assuntos Internacionais
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