Em
julho de 2019, Donald Trump definiu o presidente Jair Bolsonaro, logo ele, como
um “grande cavalheiro”. “Dizem que ele é o Trump do Brasil. Eu gosto disso. É
um elogio!”, acrescentou.
O
republicano poderia ter economizado a última parte. Vaidoso e egocêntrico, ele
batizou torres comerciais, condomínios, hotéis, resorts e campos de golfe com o
próprio nome. Seria estranho se não gostasse de alguém tão empenhado em
imitá-lo.
Desde
a campanha, Bolsonaro faz de tudo para ser comparado a Trump. Ele já copiou os
tuítes destrambelhados, as teorias conspiratórias, as provocações à China e os
ataques à imprensa. Só faltou besuntar o rosto com aquela pasta laranja.
Truques
lançados lá foram repetidos à exaustão por aqui. Um dos mais manjados foi
tachar de fake news qualquer
notícia incômoda para o governo. Outro foi ressuscitar o fantasma do comunismo,
como se o Muro de Berlim ainda estivesse de pé.
Na
pandemia, Bolsonaro replicou o discurso de Trump contra o distanciamento
social, o uso de máscaras e as recomendações da OMS. Os dois presidentes
fizeram pouco da doença até se contaminarem. A diferença é que o americano
abandonou a propaganda da cloroquina quando foi parar no hospital.
Hoje
os americanos vão às urnas na eleição mais tensa da história recente. Em
desvantagem nas pesquisas, Trump ameaça não aceitar uma possível vitória do
rival Joe Biden. Com medo de quebra-quebra, lojistas de Washington, Nova York e
Los Angeles espalharam tapumes pelas vitrines.
O
republicano já deixou claro que recorrerá aos tribunais em caso de derrota. O
plano seria invalidar votos de regiões dominadas pelos democratas. Isso
lançaria a maior potência do mundo num cenário de convulsão social e descrédito
da democracia.
A contestação dos resultados nos EUA seria um mau sinal para o Brasil. Se o Trump deles apelar ao tapetão, o nosso não hesitará em imitá-lo em 2022. Ele já começou a criar o clima para isso ao disseminar informações falsas contra a urna eletrônica.
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