Nunca
tantos votaram tão cedo
A
eleição presidencial norte-americana de 2020 já garantiu seu lugar na história.
Em um país onde o voto não é obrigatório, até o final da tarde de ontem,
pessoalmente ou pelo Correio, 97,6 milhões de pessoas já haviam votado. Isso
significa mais de dois terços do número total de votos apurados na eleição de
2016.
No
último dia de campanha, na maioria dos cinco comícios que fez em quatro
Estados, o presidente Donald Trump atacou a Suprema Corte onde 6 dos 9
ministros são conservadores. Trump disse que tribunal pôs o país em perigo ao
permitir que a Pensilvânia aceite votos que chegarem pelo Correio após o dia da
eleição.
Segundo
Trump, a decisão da Suprema Corte foi política e poderá estimular manobras
fraudulentas dos seus adversários. No Twitter, escreveu que ela seria capaz até
de induzir “à violência nas ruas”. De imediato, o Twitter classificou as
afirmações do presidente como potencialmente falsas e alertou os seus usuários
para isso.
A
segunda-feira foi um dia de muitas queixas feitas por Trump. Além da Suprema
Corte, foram alvos delas a mídia, o ex-presidente Barack Obama, a senadora
Hillary Clinton e a investigação sobre a interferência russa nas eleições de
2016. O coronavírus foi mencionado apenas de passagem. Trump tentou
desacreditar as pesquisas que apontam a vitória do Democrata Joe Biden.
Parecia
claramente nervoso. Em Kenosha, cidade do Estado de Wisconsin, Trump reclamou
até das falhas do microfone que lhe deram. “Este é o pior microfone que já usei
na vida”, disse segundo o jornal The New York Times. Prometeu devolver a todos
que ali compareceram metade do preço que pagaram pelo ingresso.
Os
institutos de pesquisa, menos um, concordam que Biden deverá vencer Trump com
uma larga vantagem no voto popular, e uma vantagem menos expressiva no Colégio
Eleitoral. O instituto que discorda da eventual vitória de Biden também no
Colégio Eleitoral foi o único que há 4 anos previu a eleição de Trump.
Em
cinco ocasiões, o presidente que ganhou no voto popular perdeu no Colégio
Eleitoral, que é o que vale de fato. A última vez foi o próprio Trump. Cada
Estado tem sua própria legislação. Há Estados menos populosos com mais votos no
Colégio Eleitoral, e Estados mais populosos com menos votos. É uma zorra total.
Falta aos Estados Unidos um órgão como o nosso Tribunal Superior Eleitoral para coordenar a apuração dos votos. É a mídia, com base nas pesquisas de boca de urna, que antecipa o nome do provável vencedor. Isso poderá acontecer na madrugada desta quarta-feira. Ou arrastar-se por mais um dia.
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