Não
aguento mais falar do perdedor Donald Trump, uma figura narcisista, mimada e
insegura que é incapaz de aceitar a derrota e segue com ataques à democracia do
país governado por ele próprio. O correto seria falar de Joe Biden, declarado
eleito presidente dos EUA no sábado passado. Será o democrata que viverá na
Casa Branca a partir de 20 de janeiro para comandar os americanos no combate à
Covid-19 e na tentativa de reerguer a economia destroçada pela pandemia. Este
era meu objetivo nesta coluna. Não consegui, infelizmente.
Nos
próximos 70 dias, seria necessária uma transição do governo de Trump para o de
Biden. Os dois lados precisam agir em coordenação neste momento em que o número
de novos casos de Covid-19 bate recordes nos EUA. As novas hospitalizações
atingem números alarmantes. Mesmo Nova York, que parecia ter superado a doença,
enfrentará novas restrições a partir de amanhã com a ameaça de uma segunda
onda. Ao mesmo tempo, um programa de estímulo à economia não pode ser adiado
até janeiro. O atual presidente precisa negociar um acordo com os democratas da
Câmara urgentemente para evitar o colapso de uma série de atividades econômicas
e ajudar pessoas que perderam os empregos. Mas o presidente desistiu de
governar. Só quer reclamar de fictícias fraudes em seu Twitter.
Outro
tema extremamente delicado nesta transição é a segurança nacional. Biden, como
presidente eleito, deveria ter acesso aos documentos de inteligência
imediatamente para se preparar para a Presidência. Mas depende de Trump aceitar
a derrota, o que jamais ocorrerá, para ter acesso. Esta situação pode afetar os
interesses geopolíticos dos EUA.
A
melhor transição entre dois governos foi a de George W. Bush para Barack Obama.
Embora de partidos diferentes, os dois líderes trabalharam juntos no final do
governo republicano para ajudar o país em meio ao colapso econômico de setembro
de 2008. Mesmo a do democrata para Trump foi relativamente organizada, com os
dois chegando a se encontrar na Casa Branca e suas equipes trabalhando em
conjunto.
O
comportamento de Trump põe em risco a segurança dos EUA, a vida dos americanos
por causa da pandemia e o futuro da economia. É uma irresponsabilidade
gigantesca. Seus adversários já se aproveitam deste momento. Xi Jinping e
Vladimir Putin não parabenizaram Biden porque querem, literalmente, observar a
instabilidade americana causada pelo atual presidente, o que enfraquece o país.
Não é à toa que, além dos dois, apenas integrantes do fã-clube trumpista
internacional não congratularam o democrata pela vitória — Jair Bolsonaro, o
ditador comunista Kim Jong-un e o populista mexicano López Obrador.
O mundo sabe que Biden assume em 20 de janeiro de 2021. Líderes ocidentais, como Macron, Merkel, Boris Johnson e Trudeau já entraram em contato com o futuro presidente. Mesmo aliados de Trump, como Netanyahu (Israel), os populistas Duda (Polônia), Orbán (Hungria) e Erdogan (Turquia), além dos ditadores árabes Bin Salman (Arábia Saudita), Bin Zayed (Emirados Árabes) e Sisi (Egito) já parabenizaram o democrata. O problema é que, em vez de observarmos o futuro presidente, ainda temos de aguentar a teimosia de um mentiroso que inventa ter havido fraudes em uma eleição na qual foi derrotado democraticamente. Hoje, é uma ameaça aos EUA.
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