Em
algumas cidades, já decidiu
O
recrudescimento da pandemia que no Brasil já matou quase 173 mil pessoas de
março último para cá, infectando mais de 6.290.160, e o medo que isso provoca
em pessoas dos grupos de risco e também nos jovens podem definir quem se
elegerá prefeito em muitas das 57 cidades que irão hoje às urnas.
Em
algumas delas, o vírus já votou e decidiu. É o caso de Manaus onde Amazonino
Mendes (PODEMOS), três vezes prefeito da cidade, três vezes governador do
Estado, deverá ser derrotado por David Almeida (Avante). Amazonino tem 81 anos
de idade e uma saúde frágil que quase o impediu de fazer campanha.
O vírus já votou e decidiu que Manguito Vilela (MDB) será o próximo prefeito de Goiânia. Ex-governador de Goiás, em agosto passado ele perdeu duas irmãs para a Covid-19. Contraiu a doença e está internado em São Paulo desde o final de outubro. Entubado, não sabe que venceu o primeiro turno e que vencerá o segundo.
Pesquisas
de intenção de voto divulgadas ontem apontaram Bruno Covas (PSDB) como o
favorito para governar a capital de São Paulo. Guilherme Boulos (PSOL) sequer
votará porque testou positivo para o vírus. Mas Covas teme a abstenção de
eleitores idosos que em grande número declaram sua preferência por ele.
De
fato, o vírus jogará um papel importante nos lugares onde as disputas serão as
mais renhidas. Porto Alegre, Vitória e Recife estão entre elas. Ali, os números
registram empate técnico. E mesmo pesquisas de boca de urna que ouvem os
eleitores depois de votarem podem não conseguir antecipar os resultados.
Manuela
d’ Ávila (PC do B) ficou em segundo lugar no primeiro turno. Virou o jogo e ultrapassou
Sebastião Melo (MDB) por uma diferença de dois pontos – 51% a 49%. Melo é mais
forte entre os eleitores idosos, ela entre os mais jovens. A abstenção promete
ser grande em Porto Alegre. Quem mais se absterá?
O
Ibope dá como empatada a eleição para prefeito de Vitória travada por Delegado
Pazolini (Republicanos) e João Coser (PT). Mas dois respeitáveis institutos de
pesquisa do Espírito Santo dão Pazolini na frente. O Ibope não mediu os efeitos
do debate entre os dois da sexta-feira passada quando Pazolini saiu-se melhor.
Recife
é palco da batalha mais original e talvez a mais eletrizante de sua história
desde que, há 20 anos, bateram-se Roberto Magalhães (PFL, hoje DEM) e João
Paulo (PT). Magalhães só não venceu no primeiro turno porque lhe faltaram pouco
mais de 0,5% dos votos. Por essa mesma margem, acabou derrotado no segundo.
Marília
Arraes (PT) é prima de João Campos (PSB) – ela, neta do ex-governador Miguel
Arraes, ele, bisneto e filho do ex-governador Eduardo Campos. João teve mais
votos do que Marília no primeiro turno, mas no segundo ela abriu mais de 6
pontos de vantagem. Ibope e Datafolha, agora, dão 50% dos votos para cada um.
A ação do vírus favorecerá um ou outro. O antipetismo pode ajudar a derrotar Marília, e a fadiga com o PSB, que governa Pernambuco há 14 anos, pode ajudar a derrotar João.
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