Há
discriminação contra jovens, velhos, gays, gordos, feios e até baixinhos
Cotas provavelmente
vieram para ficar, mas continuo não gostando delas. Reconheço que é tentador
resolver problemas atuando diretamente sobre os resultados a que queremos
chegar. Se é a discriminação que impede minorias de obter vagas nas
universidades e concursos, bons postos de trabalho e cargos de direção, então
basta reservar esses lugares para elas. Fazê-lo, entretanto, é abrir uma caixa
de Pandora.
Não é difícil enxergar o viés contra mulheres e negros nas estatísticas. Mulheres e negros ganham em média menos do que homens brancos mesmo quando os cálculos são ajustados para comparar adequadamente qualificação, horas trabalhadas, tempo de casa etc. Pior, experimentos mostram que currículos idênticos obtêm respostas diferentes dos empregadores dependendo do sexo e da etnia do candidato.
O
problema é que não são só mulheres e negros. O primeiro emprego de Lúcifer deve
ter sido de estatístico. Quem se debruçar com cuidado sobre os dados encontrará
discriminação contra jovens, velhos, gays, gordos, feios e até contra
baixinhos.
Embora
não exista uma história conhecida de perseguição e opressão contra pessoas de
baixa estatura, esse grupo, a crer em estudos norte-americanos, sofre tanto
quanto mulheres e negros no mercado de trabalho. Entre os CEOs das maiores
companhias americanas, 58% tinham mais de seis pés (1,83 m) de estatura, contra
apenas 14,5% na população geral. Cada polegada (2,54 cm) a mais de altura
representa um incremento de US$ 789 na renda anual do funcionário.
Curiosamente, só o estado de Michigan tem uma lei para coibir o preconceito
contra baixinhos.
Uma
aplicação consistente do princípio de que grupos discriminados devem ter
direito à reserva de vagas nos levaria a uma irrefreável multiplicação das
cotas. No limite, chegaríamos a uma situação borgiana na qual cada indivíduo,
dadas suas peculiaridades, faria jus à cota de si mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário