Um
potencial de desenvolvimento limpo e grandes problemas sociais pela frente são
um enorme desafio para o novo prefeito
As eleições de hoje são importantes em todas as 57 cidades em que há segundo turno. Mas, no Rio de Janeiro, parecem ser uma questão de vida ou morte porque a cidade vive um longo processo de decadência prestes a ultrapassar um ponto de não retorno.
Personalidades cariocas enfatizam que a cidade, bonita por natureza, ainda pode encontrar sua vocação no desenvolvimento sustentável, produção do conhecimento, turismo e cultura.
Segundo
algumas pesquisas, mais da metade do território do Rio é controlado pelas milícias. Um entre quatro moradores do
Rio vive em favelas,
sem endereço legal, título de propriedade, serviços públicos, sobretudo
saneamento básico.
Uma
velha canção diz que quando derem vez ao morro, toda a cidade vai cantar. Um
potencial de desenvolvimento limpo e grandes problemas sociais pela frente são
um grande desafio para o novo prefeito.
As
pesquisas indicam que Eduardo Paes tem 70 dos votos contra
apenas 30 do atual prefeito Marcelo Crivella.
Tudo indica que as necessidades de uma metrópole cosmopolita chocaram-se com a estreita visão religiosa de Crivella que subestimou até o carnaval, ponto central do calendário turístico, ao lado de outros como o Rock in Rio.
Apesar
da crise profunda, ou talvez por causa dela, a sociedade se move. Durante a
pandemia, morros como o do Alemão criaram
comitês de crise para angariar fundos e ajudar a população, algo semelhante ao
que aconteceu em Paraisópolis,
São Paulo, embora num nível menor.
Há
mais de um ano, um grande grupo de profissionais e urbanistas foi constituído
na internet: o Juntos
somos +Rio.
No
momento mais intenso da crise, os debates sobre o futuro da cidade abriram para
ações, como por exemplo alugar hotéis para que funcionários da saúde
descansassem sem colocar em risco suas famílias.
Eduardo
Paes foi prefeito do Rio duas vezes. Parece sensível a todos os problemas. É
um político, sobrevivente da era Cabral, e terá de provar que aprendeu com os
erros e não apenas se adaptou ao novo momento para vencer as eleições.
As
lagoas da Barra da Tijuca, bairro onde Paes vive, jamais foram recuperadas num
projeto urbano que poderia reviver na área o movimento aquático de uma Veneza.
Da
mesma forma, Paes contraiu covid-19 um pouco antes da
campanha e teve sintomas leves. É importante que se organize para enfrentar a
pandemia e preparar o caminho para uma vacinação em massa, o que pode
viabilizar o carnaval remarcado para o meio do ano que vem.
Até
o momento não se dedicou muito ao tema, sequer visitou a Fundação Oswaldo Cruz,
onde a vacina será fabricada.
O
final de campanha no Rio foi marcado pelo baixo nível. Crivella acusa Paes de
ter o apoio o PSOL, que iria para o setor de educação promover a pedofilia.
O padrinho de Crivella, Bolsonaro, fortalece essa acusação,
revivendo a famosa mamadeira de piroca que foi uma das estrela de sua campanha
de fake news.
Se
conseguir realmente demonstrar maturidade, Paes pode mobilizar o potencial da
sociedade assustada com o processo de decadência. Se quiser, por exemplo, além
da qualidade de vida num território contido entre o mar e Mata Atlântica,
poderá implementar os passos de uma cidade inteligente.
O
conhecimento para esse passo revolucionário na administração já é desenvolvido
na Universidade Federal do Rio e estaria à sua disposição.
Portanto, apesar de discretas, sob o impacto da pandemias, as eleições no Rio podem marcar o futuro, inclusive porque este ano está prevista uma revisão do Plano Diretor da cidade - decisões que envolvem praticamente tudo no cotidiano dos cariocas.
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