Bolsonaro
avança no campo minado do Congresso
Era
uma luta de facas no escuro. Acabou domingo, quando um Supremo em autocombustão
impediu a tortura da Constituição para extrair o contrário daquilo que ela diz.
Agora,
é guerra aberta pelo domínio do Congresso. Vencedores na Câmara e no Senado
terão poder decisivo sobre as votações, além de influência na disputa
presidencial de 2022.
Quem comandar a Câmara terá nas mãos o destino da pilha de pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro. No Senado, decidirá a sorte de processos contra parlamentares, como Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e ministros do STF.
Bolsonaro
se convidou para a guerra, levando-a para o governo. É decisão de alto risco
para quem trata aliados com desconfiança, adversários como inimigos e acha que
pode vencer a pandemia sem vacina, sem crime de responsabilidade. Ele faz
política movido pelo rancor. Em 2002, declarou-se aliado “de corpo e alma” a
Ciro Gomes e, depois, de Lula — seus atuais inimigos — porque estava contra o
governo Fernando Henrique Cardoso, a quem sugeria fuzilar.
Tornou-se
a primeira vítima da luta no Legislativo, associado ao PT na aposta frustrada
da reeleição do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Na
Câmara, quer inviabilizar candidatos alinhados a Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual
presidente. Há quatro visíveis: Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro
(PP-PB), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Elmar Nascimento (DEM-BA). Começou
apoiando Arthur Lira (PP-AL), mas já admite Tereza Cristina (DEM-MS), ministra
da Agricultura, e Fábio Faria (PSD-RN), das Comunicações. Está deixando um
rastro de ressentimentos.
No
Senado, dividirá o MDB ao optar entre Eduardo Braga (AM), Fernando Bezerra (PE)
e Eduardo Gomes (TO). Rejeitados devem ir para as candidaturas de Tasso
Jereissati (PSDB-CE), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Esperidião Amin (DEM-SC) e
Simone Tebet (MDB-MS).
Bolsonaro avança no campo minado do Congresso. Já não pode evitar as consequências.
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