Nenhuma
dúvida. Donald Trump tinha mesmo que ter sido afastado das redes sociais que
usou durante todo o seu mandato para organizar a extrema direita em torno de
seu projeto pessoal
Nenhuma
dúvida. Donald Trump tinha mesmo que ter sido afastado das redes sociais que
usou durante todo o seu mandato para organizar a extrema direita em torno de
seu projeto pessoal. A turba ignara trumpista nunca se deu conta de que estava
seguindo um homem arrogante e ambicioso que jamais pensou nos interesses do seu
país. Os terroristas que invadiram o Capitólio na quarta-feira, no ápice da
marcha golpista do mais infame presidente que os EUA já tiveram, apenas
repetiam com a virulência do líder o discurso falso de que a eleição do
adversário democrata havia sido fraudada.
Como
Trump, há inúmeros outros líderes globais que abusam dessas plataformas para
disseminar medos, mentiras e ameaças, ultrajando seus povos e suas nações. No
Brasil, sabemos que Jair Bolsonaro e seu gabinete do ódio manipulam estas ferramentas
para mentir e enganar, buscando tão somente confrontação e dividendos
políticos. Tanto Trump quanto seu similar nacional, ambos golpistas potenciais,
sofreram esporádicas e tardias sanções de Facebook, Twitter, Instagram e outras
redes. A certa altura, o manda-chuva Mark Zuckerberg chegou a dizer que não
podia se arrogar no direito de definir o que é verdade e que é falso na
tormenta antidemocrática que estes canais de comunicação instantânea se
transformaram.
Bobagem. Podia pelo menos ter tentado instituir em cada país um sistema de controle formado por membros de entidades civis, como as brasileiras OAB e ABI, e buscar apoio nos grupos de mídia profissionais para estabelecer um sistema eficiente de controle contra mentiras e manipulação no uso das redes. Dinheiro não seria problema para estas gigantes, mas a medida não seria boa para os negócios. Em determinados momentos no passado recente, algumas ações foram tomadas, mas muito mais para dar uma satisfação à opinião pública do que para de fato impedir o mau uso das plataformas. Deixou-se a coisa seguir de maneira solta, com bloqueios aqui e ali, até que se deu a invasão do Congresso americano, seguida de uma comoção mundial.
Aí,
Zuckerberg acordou. Do alto de seu poder de dono das mais poderosas plataformas,
defenestrou Trump de Face e Insta pelo menos até o fim do seu mandato. O
Twitter o tirou do ar por 12 horas, seguido pelo Snapchat, que o suspendeu. Foi
atrasado, mas por pouco não foi tarde demais. Imaginem se aquela turba tivesse
conseguido empastelar o parlamento do maior país da terra. Suponham que os
contrapesos não tivessem funcionado e Trump houvesse vencido a disputa
impedindo a certificação da vitória de Joe Biden. A ordem global seria
fortemente abalada graças a premissas falsas, ao ódio e a mentiras difundidas
sistemática e livremente pelas redes sociais.
Logo
depois da eleição de Biden, Trump fez um pronunciamento mentiroso, com as
alegações falsas de fraude repletas do seu ódio contumaz. As emissoras de TV
que transmitiam a fala ao vivo o tiraram do ar. As redes o mantiveram
insuflando suas massas aturdidas. Por que a diferença entre elas? Porque as
emissoras são controladas por gente e as redes não têm controle, ou são
orientadas por algoritmos que incentivam a desordem, porque dá audiência.
Agora, depois do vergonhoso cerco ao Capitólio, no limite de uma disrupção
institucional que se espalharia globalmente, se fez a tardia reflexão, ou
justiça. Mais grave, foi iniciativa isolada, iniciada por um homem só. Mark
Zuckerberg.
O
que o planeta precisa é de imediato e efetivo controle das redes para que
atentados como o que vimos esta semana não consigam sequer brotar. Se por um
lado as redes têm enorme potencial de difundir ideias e transmitir ensinamentos
bons e gratuitos, por outro podem servir a golpistas como Trump e suas cópias
mundo afora. Não se trata de um bicho de sete cabeças. É preciso cortar o
acesso de quem mente, quem inventa, quem manipula informação. Se isso não for
feito imediatamente por determinação inequívoca de governos democráticos, pode
haver outras tentativas de golpe apoiadas nas redes sociais. E, se não forem
novamente nos EUA, é muito possível que Zuckerberg não as veja ou simplesmente
as ignore.
GOLPISTAS
UNIDOS
Jair
Bolsonaro não abandonou Donald Trump nem depois deste ter admitido que chegaram
ao fim suas tentativas de golpear as instituições democráticas americanas. No
dia seguinte à invasão do Capitólio pela turba trumpista, nossa excelência
ainda nos ameaçou: “No Brasil pode ser pior”. Embora seja um crime de responsabilidade,
a bravata não passa de uma bobagem rematada que por ora não se deve temer. Por
duas razões. A primeira é que os aloprados de Bolsonaro são como aqueles 300 do
ano passado, que não chegam a 30 e não valem dez. Segundo, porque aqui há um outro
lado da mesma forma agressivo e disposto ao confronto. Ou vocês acham que os
militantes da esquerda barulhenta deixariam a coisa correr solta como em
Washington? Aqui o risco é outro, o da violência desmedida entre dois lados.
AINDA DÁ
TEMPO
O
presidente Jair Bolsonaro cometeu na quinta-feira mais um crime de
responsabilidade, pelo qual pode ser afastado das suas funções, ao ameaçar o
Brasil depois da invasão do Capitólio nos EUA. Na semana passada já havia
perpetrado outro, ao fazer apologia à tortura.
PREVISIBILIDADE
Pelo
menos em um ponto deve-se concordar com o candidato de Bolsonaro para a
presidência da Câmara. O deputado Arthur Lira (corrupção, lavagem de dinheiro,
bens bloqueados, agressão doméstica) diz que sua eleição seria uma vitória da
previsibilidade. Exatamente. Com ele no comando da Casa, teríamos dois anos sem
vento. O governo nadaria de braçadas e o presidente poderia seguir cometendo
seus rotineiros crimes de responsabilidade sem desassossego. Se com Rodrigo
Maia já foi aquela moleza, imagina com o Lira amigo do peito.
VOTO
VIRTUAL
Lira
protestou contra o possível voto virtual para a eleição da Câmara. Perguntou:
“Qual a verdadeira intenção por trás disso?”, sugerindo que Rodrigo Maia e seu
candidato Baleia Rossi estariam armando alguma. Pode? Só falta ele pedir o voto
impresso. O atraso do atraso se manifestou pela boca do parlamentar
bolsonarista.
PONTO
POSITIVO
Cláudio
Castro, o governador que caiu de paraquedas no Palácio das Laranjeiras, ganhou
ponto importante ao indicar o mais votado da lista tríplice do Ministério
Público para chefiar a entidade. Ele não se dobrou à pressão do zero das
rachadinhas. Coragem é uma das qualidades que se espera dos homens públicos,
inclusive para tomar decisões que contrariam pressões poderosas.
PONTO NEGATIVO
Em
Belo Horizonte, o prefeito Alexandre Kalil, reeleito no primeiro turno com
quase 70% dos votos, voltou a fechar o comércio e todos os serviços não
essenciais para conter a transmissão de coronavírus. No Rio, cidade que
registra mais mortes no país, que tem 2048 leitos do SUS fechados e as pessoas
aguardam na fila por vagas em hospitais públicos, o prefeito Eduardo Paes
chegou a mandar reabrir as áreas de lazer na orla (depois voltou atrás) e já
elabora plano para a volta
presencial das aulas nas escolas municipais. Disse não
entender porque shoppings estão abertos e escolas fechadas. Melhor fechar os
shoppings, não é, prefeito?
FALTA DE
CARÁTER
Bater
na imprensa já não causa surpresa a ninguém. No Brasil tem sido assim desde a
era petista. Bolsonaro disse esta semana que a imprensa “potencializou” a
pandemia de coronavírus, chamando-a de “mídia sem caráter”. Em tom próprio,
mais virulento, o capitão apenas repetiu o que se ouve desde a Era dos franklins e dos dirceus.
SERINGAS
E AGULHAS
A
ideia de Jair Bolsonaro de esperar o preço das seringas e agulhas baixar para
só então comprá-las é de uma “inteligência” que acomete a poucos. Valendo-se da
regra de mercado, o Brasil só compraria os suprimentos e iniciaria a vacinação
quando o mundo inteiro já tivesse sido imunizado. O Ministério da Saúde fez de
conta que não
ouviu o presidente desmiolado e anunciou que as compras
serão feitas diretamente pelo governo federal, sugerindo que vai proibir os
estados de tomarem iniciativas isoladas. Como se fosse possível este tipo de
intervenção. Daí ficou clara a estratégia. O objetivo era tentar atingir o
plano de São Paulo de iniciar a vacinação por conta própria, antes da União,
seguindo seu próprio calendário.
NOSSOS
PREÇOS
Os
preços na Europa, mesmo com 1 Euro valendo mais do que 6 Reais, estão em alguns
casos mais em conta do que no
Brasil. Exemplo: Quatro pessoas podem jantar num bom
restaurante em Lisboa, Madri ou Roma pagando alguma coisa como 100 Euros (R$
660,00). Isso com entradas e uma boa garrafa de vinho. No Rio, um jantar nestas
mesmas condições em restaurantes do mesmo padrão no Leblon ou em Ipanema não
sai por menos de R$ 800,00.
JÁ ERA
Quem foi a Portugal fazer um bom negócio imobiliário, foi. Não vai mais. O metro quadrado no Bairro Alto, na Graça, no Chiado ou na Alfama, que já foi barato para os padrões cariocas, hoje vale mais do que o do Leblon, o bairro mais caro do Brasil.
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