Por
Richard Rubin e Eliza Collins — Dow Jones Newswires / Valor Econômico
O
presidente eleito dos EUA, Joe Biden, propôs ontem um plano de US$ 1,9 trilhão
para ajudar os americanos a resistir ao choque econômico provocado pela
pandemia de covid-19 e injetar mais dinheiro em testes e distribuição de
vacinas.
Em
discurso na noite de ontem, Biden anunciou as prioridades dos primeiros dias de
seu governo relacionadas à pandemia. Ele pediu ao Congresso que endosse uma
rodada de pagamentos diretos de US$ 1.400 por pessoa para a maioria das
famílias do país, uma suplementação do seguro-desemprego de US$ 400 por semana
até setembro, a extensão das licenças remuneradas e aumentos no valor de
dedução por filhos menores no imposto de renda. O auxílio para famílias é cerca
de metade do custo do plano, e grande parte do restante irá para a distribuição
da vacina e em ajuda para governos estaduais e municipais.
A
posse de Biden está marcada para a próxima quarta-feira, em um momento em que o
número de mortes causadas pelo vírus chegou a 4.000 por dia e os americanos
lidam com as consequências econômicas do fechamento persistente de empresas e
escolas. O Senado também deve julgar o impeachment do presidente Donald Trump,
que foi aprovado pela Câmara pela segunda vez.
Biden quer que o Congresso aja rapidamente para lidar com o que considera uma emergência nacional. O plano inclui algumas ideias que já tinham sido apresentadas pelos democratas no Congresso e pela campanha de Biden, mas foram rejeitadas pelos republicanos, e não está claro que partes podem ser aprovadas e quando os parlamentares tomarão uma decisão.
Biden
também anunciou uma segunda proposta focada na recuperação econômica, no qual
mira empregos e infraestrutura como ferramenta para combater as mudanças
climáticas.
O
Plano de Resgate de Biden prevê cheques de estímulo adiciona de US$ 1.400 por
pessoa. O plano propõe expandir os requisitos para ter direito ao benefício
para incluir dependentes adultos, como estudantes universitários, excluídos das
versões anteriores.
O
presidente eleito não ofereceu contrapartidas para seu plano que, em vez disso,
dependerá de empréstimos federais - isso num momento que o déficit fiscal
público dos EUA atingiu a marca recorde de 15,8% do PIB em 2020. O argumento de
Biden é de que agora não é hora de se preocupar com aumento do déficit
orçamentário, dada a emergência e as baixas taxas de juro. Ele disse que o
Congresso deve ajudar a socorrer as famílias até que a pandemia seja amenizada
e lidar com uma recuperação econômica desigual, na qual muitas pessoas de baixa
renda enfrentam dificuldades enquanto trabalhadores mais qualificados têm
poupado mais.
O
orçamento para o pacote inclui US$ 50 bilhões para aumentar os testes de
covid-19, inclusive nas escolas, bem como recursos federais para os Estados, um
programa nacional de vacinação, ajuda humanitária, expansão da força de
trabalho da área de saúde pública e outras iniciativas para viabilizar a meta
de entregar 100 milhões de vacinas nos primeiros 100 dias de governo. O plano
prevê o fornecimento de vacinas gratuitas para as pessoas independentemente de
seu status em termos de imigração, o que pode provocar resistência de alguns
republicanos.
Corroborando
sua retórica de campanha sobre colaboração suprapartidária entre os dois
partidos, Biden pressionará por um acordo bipartidário, segundo seus
assessores. Em um Senado que se prepara para ostentar uma divisão 50-50, isso
significará manter todos os democratas e convencer ao menos 10 republicanos a
se juntar a ele para superar obstáculos regimentais. Os democratas detêm uma
maioria estreita na Câmara dos Deputados.
Em
alguns pontos do plano será possível obter o apoio dos dois partidos. Alguns
senadores republicanos, entre os quais Marco Rubio, são favoráveis a cheques de
estímulo de maior valor. Mas outras propostas, como elevar o salário mínimo
para US$ 15 por hora, deverão enfrentar oposição da parte dos republicanos.
Um
participante graduado da equipe de Biden disse que ele atuará junto a membros
de ambos os partidos sobre o melhor caminho para sua proposta.
Boa
parte da parcela do pacote de financiamento ligada à saúde será voltada
diretamente para dar combate ao vírus por meio de mais testagem e aplicação
mais rápida da vacina. Biden pediu ao Congresso US$ 160 bilhões em
financiamento como parte do lançamento de um programa nacional de vacinação, da
expansão da testagem, da mobilização de um programa de empregos em saúde
pública e de outras medidas destinadas a aumentar o combate ao vírus.
Biden
planeja criar locais de vacinação comunitários em todo o país, enfrentar as
disparidades na área de saúde, como distribuição equitativa de vacinas, e
eliminar problemas de escassez de oferta. Seu plano de vacinação será anunciado
hoje.
O
conselho assessor de Biden em covid-19 tem trabalhado em torno de maneiras de
ampliar a vacinação, num momento em que mais Estados identificam uma nova cepa
mais transmissível que surgiu no Reino Unido, segundo pessoa a par das
discussões.
Muitos Estados enfrentaram dificuldades para intensificar a ampliação da vacina, atribuindo o problema à incoerência de informações sobre a chegada de doses enviadas pelo governo federal e ao desgaste financeiro já sofrido no enfrentamento à pandemia. O Congresso aprovou em 21 de dezembro uma verba de US$ 8,4 bilhões para ajudar os Estados em seus esforços, mas nesse período o lançamento da vacinação já estava em curso, e alguns Estados disseram que serão necessárias semanas para contratar número suficiente de funcionários para campanhas de vacinação mais amplas.
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