Negacionismo
suicida
A
Amazônia é nossa. Mas o oxigênio que falta nos hospitais de Manaus por incúria
dos governos estadual e federal pode ser venezuelano ou brasileiro, a ser
transportado por aviões da Força Aérea dos Estados Unidos. Em breve, chegará
por lá a vacina da Universidade de Oxford importada da Índia. A conferir,
porém.
Um
Boeing da companhia Azul decolou, ontem à noite, de São Paulo para o Recife.
Está previsto que na madrugada de amanhã decole com destino a Nova Deli para
buscar 2 milhões de doses da vacina inglesa. Ocorre que o porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores da Índia pôs em dúvida a entrega da
encomenda.
Anurag
Srivastava afirmou que “é muito cedo” para dar respostas sobre exportações
das vacinas produzidas no país, já que a campanha nacional de imunização ainda
está só começando. A declaração foi dada em resposta a perguntas de jornalistas
sobre o que o governo brasileiro dava como certo.
Sem tirar nem pôr, o que disse Serivastava à imprensa internacional: “O processo de vacinação está apenas no começo na Índia. É muito cedo para dar uma resposta específica sobre o fornecimento a outros países, porque ainda estamos avaliando os prazos de produção e de entrega. Isso pode levar tempo”.
Tem
algum caroço nesse angu. Primeiro, o ministro Eduardo Pazuello, da Saúde,
anunciou a compra da vacina ao governo indiano. Depois, a decolagem, ontem, do
Boeing da Azul para trazer os 2 milhões de doses. Finalmente, admitiu que
problemas técnicos atrasaram o voo por mais um dia.
Quer
dizer: marcado para a próxima terça-feira, o Dia D do início da vacinação
contra a Covid-19 no Brasil, na melhor das hipóteses, será lembrado no futuro
como o Dia D+1. Quanto à hora H, terá também de ser revista, o que pode
empanar o sucesso da Operação Ponte-Aérea de distribuição da vacina.
Perceberam?
O pior dia do Brasil sob o governo Jair Bolsonaro é sempre amanhã. Até quando
os que têm poder para dizer “basta” ou “fora” assistirão inertes o que
acontece? Vai ficar aí parado? Morre gente asfixiada por falta de oxigênio em
uma das maiores capitais do país. E daí? Ninguém será preso por isso.
Quem
não seria capaz de fazer qualquer coisa para não morrer? E por que um
presidente eleito não faz tudo ao seu alcance para salvar a vida dos seus
governados? Ele está certo e o mundo errado quando endurece medidas de
isolamento, multa quem não usar máscara e injeta dinheiro na veia dos mais
pobres?
Enquanto
pessoas morrem por falta de oxigênio em Manaus, o governo do Amazonas,
orientado pelo Ministério da Saúde, recomenda o tratamento precoce do vírus com
cloroquina. Bolsonaro voltou a pôr em dúvida a eficácia das vacinas. Isso é crime
contra a humanidade, previsto em leis.
Pazuello
reconheceu o “colapso” na saúde de Manaus e revelou que a fila por um leito é
de quase 500 pacientes. Ele voltou de lá faz uma semana. Não se deu conta de
que haveria um colapso? Ninguém lhe contou? E por que o governo não se
antecipou ao colapso? Por que não quis? Por incompetência? Crueldade?
Não
se vacinar é “negacionismo suicida”, disse o Papa Francisco depois de ser
imunizado junto com o ex-Papa Bento XVI. Logo, Bolsonaro é um “negacionista
suicida” – alguma dúvida? Mas fale para ele sobre essas coisas… Na hora, sacará
do coldre o ministro da Justiça que o ameaçará com um processo.
O
que fez Bolsonaro no dia em em Manaus parou de respirar
Presidente
do Banco do Brasil pode ser demitido por causa de Seu Jorge
No
dia em que o Brasil registrou nas últimas 24 horas mais 1.151 mortes pela
Covid-19, e a média móvel de mortes nos últimos 7 dias foi de mais 42% em
comparação à média de 14 dias atrás, o que ocupou a maior parte do expediente
de Jair Bolsonaro?
Pela
ordem: a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado que está lhe custando
muitos cargos no governo; a demissão do presidente do Banco do Brasil que
poderá acontecer ou não a qualquer momento, e a live semanal no Facebook.
Na
live, ele e o ministro da Saúde Eduardo Pazuello, general especialista em
logística militar, culparam a falta de estrutura e de um tratamento precoce
pelo colapso do sistema de saúde em Manaus, onde pessoas morrem por falta de
oxigênio.
Pazuello
culpou também o clima hostil da região amazônica e falou sobre a
dificuldade de fazer as coisas chegarem a Manaus por via marítima ou aérea.
Embora conheça bem a região, parece ter-se dado conta disso só recentemente.
André Beltrão, por ora, está presidente do Banco do Brasil. Uma das razões para Bolsonaro querer mandá-lo embora foi um show virtual de Seu Jorge patrocinado pelo banco. A ala radical do governo acusa Seu Jorge de ser de esquerda.
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