Tulio
Kruse Camila Turtelli Daniel Weterman / O Estado de S. Paulo
A pouco mais de dez dias da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, o Solidariedade declarou ontem apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). O partido chegou a flertar com o candidato Arthur Lira (Progressistas-al), principal oponente do emedebista, mas alegou que desistiu do movimento por causa da proximidade do líder do Centrão com o Palácio do Planalto.
Em
reunião na sede do Solidariedade em São Paulo, com a presença de Baleia e
líderes de PT, PV, PSL e Cidadania, a avaliação foi a de que o desgaste do
governo federal provocado pela condução da pandemia do novo coronavírus deve
ajudar a atrair mais parlamentares para o bloco do emedebista, que tem aval do
atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
“Acredito que todo esse batecabeça (na questão da pandemia e da vacinação) pode ajudar no fortalecimento da nossa candidatura.os parlamentares vão fazer essa análise, porque uma Câmara independente vai dar condições de os parlamentares exercerem o seu mandato, de se colocarem quando o governo erra de maneira clara e objetiva”, afirmou Baleia. Presidente do Solidariedade, o deputado Paulinho da Força disse que a legenda se afastou de Lira por causa da “aproximação com o governo Bolsonaro”. “Isso pesou bastante dentro do partido.”
Candidato do Planalto, Lira buscou se posicionar em meio à crise sanitária e cobrou ontem o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por soluções para a vacinação contra a covid-19. O líder do Centrão, no entanto, evitou comentar a postura do presidente Jair Bolsonaro, que entrou em uma disputa com o governador João Doria (PSDB) na questão dos imunizantes.
Ideologia.
“Qualquer vacina, seja de onde for, que tiver homologação ou certificação da
Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) deve ser usada e comprada
independentemente de ideologia ou de pensamentos”, declarou Lira. “Se houver
críticas ao ministro Pazuello, nós vamos fazê-lo, como fiz aqui, tem de
apresentar soluções de logística, tem de cuidar da temática de não deixar
faltar insumos nem vacinas para o Brasil. Tem de tratar junto do Ministério das
Relações Exteriores, no tratamento com Índia e China. A população acredita no
seu parlamentar para solucionar”, disse o candidato do Progressistas durante
entrevista concedida pela manhã em um hotel de Brasília.
Lira,
porém, negou que a cobrança tenha o objetivo de pressionar pela saída do
general Pazuello do ministério. Nos bastidores, o Centrão tenta reaver o
comando da pasta, que tem um dos maiores orçamentos da Esplanada. Um dos nomes
que sempre aparecem como cotado para assumir o lugar de Pazuello é o do atual
líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-pr).
Apoios.
Baleia Rossi minimizou a “erosão” de votos em partidos que apoiam sua
candidatura. Levantamento do Estadão mostrou que siglas como DEM e PSDB têm parlamentares
que, apesar do posicionamento da legenda, declararam votos em Lira. O PSL é o
partido com a divisão mais evidente. Formalmente, o partido está com Baleia
Rossi, mas a maioria da bancada manifestou apoio ao adversário. O candidato do
Progressistas lidera o placar do Estadão (mais informações nesta página).
“É natural que, com a pressão que o governo está fazendo em cima dos parlamentares, mesmo parlamentares que prefiram uma Câmara independente sinalizem para o outro lado, para evitar represálias”, disse o emedebista.
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