Depois
do Carnaval, Rodrigo Pacheco passará pelo primeiro teste na presidência do
Senado. Terá que decidir se abre uma CPI para investigar a omissão do governo
federal no combate à pandemia. Há dez dias ele cozinha o requerimento
apresentado pelo oposicionista Randolfe Rodrigues. Na próxima quinta-feira,
precisará anunciar um veredito.
Pacheco
foi ungido numa articulação exótica, que uniu Planalto, centrão e partidos de
esquerda. Como as velhas raposas mineiras, negociou com todos e não se comprometeu
com ninguém. Agora seu discurso de independência começará a ser confrontado com
a prática.
Ao adiar a decisão sobre a CPI, o senador deu tempo ao governo para retirar assinaturas de apoio. Os dias se passaram e o requerimento continua com 32 autógrafos, cinco a mais que o necessário. Na quinta passada, o general Pazuello tentou convencer o Senado a deixar a ideia de lado. Seus argumentos foram considerados toscos até pela bancada bolsonarista.
Se
instalada, a CPI do Coronavírus terá farto material de trabalho. O ponto de
partida será o colapso dos hospitais em Manaus. O Ministério da Saúde foi
avisado de que faltaria oxigênio, mas cruzou os braços e deixou que pacientes
morressem sufocados.
Dias
antes da tragédia, aliados do capitão festejaram a suspensão de um lockdown que
havia sido decretado pelo governo do Amazonas. O deputado Eduardo Bolsonaro foi
um dos mais empolgados com o recuo, apontado como uma das causas da tragédia.
Pazuello
já prestou depoimento à Polícia Federal sobre a omissão do ministério na crise.
No entanto, há forte desconfiança no Congresso sobre a autonomia da PF para
investigar o caso.
O
Senado também poderá apurar a negligência na negociação de vacinas e o
desperdício de dinheiro com a produção de cloroquina, apresentada por Bolsonaro
como remédio milagroso. No mês passado, Pazuello lançou um aplicativo oficial
que indicava a substância a pacientes desavisados. Agora ele tenta negar sua
participação na farsa do “tratamento precoce”, fartamente registrada em áudio e
vídeo.
No ritmo atual, o Brasil terminará o mês com mais de 250 mil vítimas do coronavírus. A lista inclui dois senadores: Arolde de Oliveira e José Maranhão. Eles morreram em hospitais de ponta, longe do inferno da rede pública de Manaus.
‘Tem que
manter isso, viu?’
Citado na coluna de sexta, o ex-presidente Michel
Temer pede para registrar que o TRF-1 formou maioria, em agosto de 2020, para
absolvê-lo da denúncia por obstrução de Justiça no caso Joesley Batista.
A
Procuradoria-Geral da República acusou o emedebista de participar de uma trama
para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Em 2019, Temer já havia
sido absolvido em primeira instância.
“Estou
limpando a minha área. As ações que foram motivadas por aquele rapaz estão
sendo todas derrubadas”, o ex-presidente, evitando citar o nome do dono da
JBS.
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