Centrão
gostou das promessas de regalias no governo, mas velhos entraves não vão
desaparecer
Depois
de dois anos no Planalto, Jair Bolsonaro finalmente assinou o pacote premium de
governabilidade no Congresso. A aliança com os partidos do centrão já foi selada nas
eleições da Câmara e do Senado, mas ainda resta saber que tipo de
governo esse pacto vai produzir.
O
presidente procurou uma base de apoio, em primeiro lugar, para se proteger das
investigações que cercam sua família e dos efeitos políticos do desastre
oficial na pandemia. Amparado, ele também gostou da ideia de aproveitar as
novas amizades para tentar aprovar alguns itens de sua agenda de campanha.
Os
olhos do centrão podem estar brilhando diante das regalias governistas
prometidas por Bolsonaro, mas isso não significa que velhos entraves vão
desaparecer de uma vez.
Na economia, os novos chefes do Congresso disseram que pretendem aprovar uma reforma administrativa e uma reforma tributária. Faltou lembrar que nem Bolsonaro nem os parlamentares estão interessados em mexer nas carreiras de servidores ou ressuscitar a CPMF. O acordo pode produzir, no máximo, um par de reforminhas com baixo impacto sobre as contas públicas.
Bolsonaro
só conseguiria tirar proveito de algum impulso de governabilidade se houvesse
um plano concreto de governo. A primeira metade de seu mandato provou que o
Planalto está longe disso –e ainda consegue sabotar o que poderia dar certo,
como é o caso da vacinação.
Com
o apoio de um centrão conservador, o presidente deve se distrair com uma agenda
de costumes. Assim, ele pode mobilizar sua base popular e atrair de volta
alguns eleitores insatisfeitos. Se a economia continuar no buraco, porém, esses
humores não devem durar muito.
Horas
depois da vitória de Arthur Lira (PP) na Câmara, os operadores políticos do
centrão pareciam otimistas com a possibilidade de aprovar até alguns projetos
espinhosos da pauta do governo. Um dirigente dizia que Bolsonaro terá força
para isso “se não fizer besteira”. Há quem
acredite em milagres.
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