De
volta à planície, Maia poderá mostrar o vigor de suas ideias
Rodrigo
Maia foi um bom presidente da Câmara e saiu da cadeira maior do que quando a
ela chegou. Se não houvesse outro critério, três dos seus quatro antecessores
passaram algumas noites na cadeia. Sofreu uma derrota amarga porque acreditou
na própria mágica. Teve calma demais na partida e de menos na chegada. Seu
candidato foi batido por Arthur Lira no primeiro turno.
Junto
com o senador Davi Alcolumbre, Maia tentou uma reeleição inconstitucional e foi
devorado pelo Centrão, essa massa disforme de parlamentares, que já digeriu
Dilma Rousseff e Fernando Collor e agora mastiga Jair Bolsonaro.
Depois
da maré eleitoral de 2018, que produziu o capitão e alguns jacarés, Maia
preservou a autonomia do Parlamento. Naqueles dias, estavam postas as cartas
para uma aventura golpista com tinturas plebiscitárias. Passados dois anos,
viu-se que as tais “bancadas temáticas” que formariam uma nova base parlamentar
para o bolsonarismo eram conversa fiada.
Se
o “Posto Ipiranga” Paulo Guedes não conseguiu se entender com Maia, isso não se
deveu às convicções do presidente da Câmara. Os desentendimentos vieram do
caráter errático do Planalto e da dificuldade que Guedes mostrou em relação ao
cumprimento das combinações que fazia.
De
volta à planície, Maia poderá mostrar o vigor de suas ideias.
Ele conhece o Congresso e sabe que os protestos contra a liberação de verbas em troca de votos são choro de perdedor. Maia desafiou o Planalto, não conseguiu formar uma base de apoio e perdeu. Sofreu traições capazes de exasperar grandes políticos nordestinos. Perdeu para Arthur Lira, filho do senador Benedito de Lira. O novo presidente entrou em campo com um forró e uma canetada, com que pretendia bloquear o acesso da oposição à Mesa Diretora. Com esse estilo, sua gestão promete.
Falando
pouco antes da votação, Lira prometeu uma casa onde haja “menos eu e mais nós”.
Nós, queria dizer nós mesmo.
Covas
zangou-se
Tucano,
quando sobe no salto alto, não desce nem para tomar banho. O prefeito Bruno
Covas reelegeu-se, aumentou o próprio salário, retirou o benefício do
transporte gratuito para os idosos e foi ao Maracanã ver o jogo do Palmeiras
contra o Santos.
Criticado,
disse que levou o filho para usufruir “algumas horas inesquecíveis”. Podia ter
visto o jogo pela televisão, mas quis ir ao Rio. Tudo bem, o doutor estava de
licença depois de ter passado por sessões de radioterapia.
Covas
subiu no salto quando atribuiu as críticas à “hipocrisia generalizada que virou
nossa sociedade”. A sociedade brasileira não tem nada a ver com essa história.
Nela, há gente que talvez fosse ao Maracanã, se tivesse os meios. Falar mal do
povo é coisa de quem não tem o que dizer.
Depois
de ver Covas no estádio, o dono do restaurante Ponto Chic (berço do sanduíche
Bauru) resolveu descumprir a determinação que limitava o funcionamento de sua
casa. Ele tem 110 funcionários, perdeu 30% do faturamento e não demitiu
ninguém. Inesquecíveis são os Baurus do Ponto Chic, e não podem ser comidos
pela televisão.
Depois da rebelião do Bauru, o governador João Doria começou a admitir a reabertura dos restaurantes.
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