Aliados
de Bolsonaro se unem no Congresso, adversários de 2022 se autodestroem e perdem
O
que a eleição municipal de
2020 uniu a eleição para as presidências da Câmara e
do Senado desuniu: MDB, DEM e PSDB,
os três carros-chefes de uma candidatura de centro em 2022, agora empacam, sem
bússola e sem piloto. O desastre, enorme, pode ser personalizado em Rodrigo Maia, que implodiu sua corrida
para um lugar ao sol entre os principais articuladores políticos do País.
A
vitória do presidente Jair Bolsonaro é muito maior do
que apenas a garantia de aliados cômodos e ativos na Câmara e no Senado, agora
sob a condução do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do
senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Já é espetacular, mas vai além. De um lado, o resultado nas duas Casas do
Congresso deixa Bolsonaro numa situação bastante confortável. De outro,
desmonta, já nos alicerces, a construção de uma sólida opção de centro.
O clima do Planalto, ontem, era de festa. O general Luiz Eduardo Ramos jurava que não comprou votos coisa nenhuma, apenas conduziu a distribuição “normal” de emendas. E que não trocou, nem trocaria, cargos por votos, só fez a “equalização” das vagas de governo: se o apoiador de Arthur Lira no Estado tal não tinha vaga nenhuma, mas o aliado de seu adversário Baleia Rossi (MDB-SP) tinha duas... Ora, tinha de melhorar essa balança aí.
O fato é que o governo entrou pesado, sim, e Bolsonaro se empenhou pessoalmente, sim, nas duas disputas, mas é preciso admitir que as forças políticas tiveram, como sempre têm, seus movimentos próprios, com sua dinâmica particular. Ou seja: contaram nos resultados, também, os acordos intramuros da Câmara e do Senado, as guerrinhas intestinas nos partidos, as divergências ideológicas.
Se
o Planalto despejou R$ 3
bilhões em emendas “extras” para 250 deputados e 35 senadores,
houve 250 deputados e 35 senadores que estavam pensando mais em suas vantagens
do que em votar no que julgavam melhor para o País. Ou recebiam o favor aqui,
para trair o voto ali. Vá se saber.
E
o que aconteceu no DEM é uma verdadeira aula de política. Quando o então
prefeito ACM Neto deu
o troféu de campeão de votos a Bruno Reis, seu candidato à sua
sucessão em Salvador, o que o mundo político vislumbrou foi uma forte aliança
de Neto com o também eleito Eduardo Paes (Rio), Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre para amalgamar
uma sólida aliança de centro para 2022.
O
que se vê, dois meses e meio depois, é Maia para um lado, Alcolumbre para outro
e ACM Neto liderando a maior rasteira de um partido num dos seus principais
líderes – o próprio Maia. Sem a presidência da Câmara, sem fazer o sucessor, sem
o seu partido, sem interlocução com Alcolumbre e histérico com Neto, ele vai
precisar se reconstruir.
Se
o DEM rachou, o que dizer dos parceiros potenciais para 2022? O MDB do Senado
não teve o menor prurido, ou decência, ao jogar a candidata Simone Tebet (MS) aos leões e o
MDB da Câmara não se uniu devidamente em torno de Baleia Rossi. O PSDB, rachado
no Senado entre Tebet e as benesses de Rodrigo Pacheco, por um triz, não repetiu
o passo trôpego do DEM na Câmara. Foi, voltou, foi de novo e disse que ficou
com Maia e Baleia.
Política
é assim. Bolsonaro foi o grande derrotado em novembro, levou um tombo com a
posse de Joe Biden,
outro com a falta de vacinas e um terceiro com a asfixia de Manaus e, assim,
caiu nas pesquisas e passou a conviver com o fantasma do impeachment. Quanto
mais ele descia a ladeira, mais a “opção de centro” subia. Pois não é que as
posições se inverteram?
Agora,
é acreditar nas juras de amor à democracia, à República e à Federação que todos
os candidatos fizeram. Mas Pacheco fez o discurso da unidade no Senado, Lira
partiu para a guerra na Câmara. Por seis minutos.
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