Lira
anulou um ato de seu antecessor, Rodrigo Maia, numa tentativa de esvaziar o poder
do grupo de seu adversário
Vinícius Valfré - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA
- Onze partidos da Câmara anunciaram na madrugada desta terça-feira, 2,
que vão ao Supremo Tribunal
Federal (STF) contra o primeiro ato de Arthur Lira (Progressistas-AL) como
presidente da Casa. Minutos após assumir a cadeira e fazer um discurso de
conciliação, Lira anulou um ato
de seu antecessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), numa tentativa de esvaziar o poder do
grupo de seu adversário.
O
novo presidente da Câmara decidiu não considerar a formação do bloco de dez
partidos que apoiou Baleia Rossi (MDB-SP),
seu adversário na disputa. Além de eleger o presidente, os deputados
iriam definir a composição da chamada Mesa Diretora, grupo formado por outros
seis parlamentares – sem contar os suplentes – que participam das decisões de
comando do Legislativo, desde medidas administrativas a questões políticas,
como a aceitação de um pedido de cassação.
Na prática, a decisão de Lira permite que cinco das seis principais vagas na Mesa Diretora fiquem com parlamentares do seu grupo. Apenas o PT manteria um assento.
A
formação dos blocos é importante porque é com base no tamanho de cada um que é
definida a distribuição dos demais cargos na Mesa Diretora. Pelos blocos
autorizados por Maia, caberia ao PT, dono da maior bancada na Casa, com 54
deputados, a Primeira-Secretaria, responsável por gerir contratos e
autorizar obras. O partido já havia indicado a deputada Marília Arraes (PE)
para a função.
No
bloco de Baleia, estavam, além do PT, MDB, PSDB, PSB, PDT, Solidariedade,
PCdoB, Cidadania, PV e Rede. Ao todo, estas siglas reúnem 211
deputados.
"Foi
um ato autoritário, antiregimental e ilegal do deputado Arthur Lira. Se
continuar nesse caminho, comprometerá a governabilidade da Casa", afirmou
o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).
O
movimento terá a assinatura dos dez partidos que integravam o bloco pró-Baleia
Rossi e a eles se juntará o PSOL.
"Em
um ato autoritário ele anulou parte de uma eleição. E uma eleição que foi
acordada pelo colégio de líderes", frisou o líder do MDB na Câmara,
deputado Isnaldo
Bulhões (AL).
O
anúncio foi feito após reunião da qual participaram também Baleia Rossi e o
agora ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O
ato de Lira ocorreu após Maia aceitar a inclusão do PT no grupo mesmo após o
fim do prazo, que se encerrou às 12h desta segunda-feira. O partido alegou
problemas técnicos do sistema de registro. A decisão do agora
ex-presidente da Câmara gerou protestos do deputado do Progressistas, que
chegou a bater boca com Maia durante reunião mais cedo e ameaçou judicializar a
questão, mas depois recuou.
Agora, um novo cálculo será feito levando em conta apenas a composição dos blocos registrados até as 12h de hoje. Assim, PT e Solidariedade, por exemplo, não serão considerados e, consequentemente, haverá uma redistribuição dos cargos.
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