Quantas
vidas perdidas a cada vez que o Congresso dá a última chance a Bolsonaro?
Há
alguém que, baseado no que vimos no pronunciamento de terça (23), acredite de fato
que Bolsonaro mudou sua concepção sobre o vírus? Que me perdoem os ingênuos,
mas crer que o caos que vivemos seja causado pela nova variante do vírus é o
mesmo que dizer que o que tínhamos desde o começo de 2020 era só gripezinha. O
risco não surgiu agora, ele existe há mais de um ano. Variantes são
consequência do descontrole —agravado pelo discurso e pelas ações do
presidente—, não o inverso.
Bolsonaro mente sobre a vacina. Divulga dados sobre doses de vacina em números absolutos para mentir sobre o fracasso dos números relativos. Seu fracasso. Não mudou de tom: aproveitou-se da falta de conhecimento das pessoas sobre método científico e estatística para recomendar a cloroquina e também quando usou gráficos de bancos de imagem para divulgar, sem dados, "resultados de pesquisas".
Bolsonaro
mente ao prestar solidariedade. Se verdadeiramente sentisse muito pelas
vítimas, falaria a verdade, em sinal de respeito. Defenderia o uso de máscaras
e condenaria aglomerações. Pararia, ele próprio, de aglomerar. Defenderia as
medidas que restringem a circulação de pessoas para evitar o já real colapso no
sistema de saúde e anunciaria medidas de transferência de renda dignas para que
as pessoas pudessem ficar em casa em segurança.
Mas
isso ele não faz. Bolsonaro continua o mesmo.
Se
a resposta ao patamar máximo de rejeição à sua gestão na pandemia, às críticas
vindas de aliados e à elegibilidade de Lula é o que vimos na última
terça-feira, a "mudança" está longe de ser suficiente.
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