Temos
diferentes lógicas, que se mostram mais ou menos justificáveis
Já
escrevi mais de uma vez que é complicado falar em certo e errado quando definimos
os critérios de prioridade para a vacinação contra
a Covid-19. O que temos são diferentes lógicas que se mostram mais ou menos
justificáveis.
O que a maioria dos países acaba fazendo é combinar critérios que priorizam a proteção aos mais vulneráveis, como idosos, com critérios que privilegiam categorias de alta exposição que desempenhem funções essenciais, caso dos profissionais de saúde.
Assim,
em condições normais, eu aplaudiria a decisão do governador João Doria de
incluir professores e policiais entre os grupos que devem receber a vacina mais
cedo. Eles, afinal, estão expostos e exercem funções quintessenciais. Só que
não estamos em "condições normais".
O
momento epidêmico que vivemos, com grande parte dos hospitais à beira do
colapso, cobra uma revisão temporária de prioridades. Se estamos cogitando
fechar quase tudo para tentar evitar a superlotação, parece claro que a
vacinação também deve buscar esse objetivo.
Trocando
em miúdos, estamos numa fase em que faz mais sentido vacinar quem, por idade ou
comorbidades, tem maior chance de vir a ocupar um leito hospitalar. Professores
e policiais podem voltar para a lista de prioritários assim que o risco de
colapso estiver afastado.
Como
a vida não é simples, não posso deixar de lembrar que existem complicações na
vacinação de pacientes com comorbidades. Se ninguém tem dificuldades para
reconhecer um grande obeso, o mesmo não pode ser dito de diabéticos,
hipertensos etc. A vacinação desses indivíduos tem de ser feita mediante
apresentação de atestado médico, o que, no país do jeitinho e dos favores, pode
ser um risco.
Se aparecerem muito mais diabéticos e hipertensos do que o esperado pelos estudos de prevalência, ou o brasileiro excele nas artes da falsificação ou a classe médica terá fracassado na prova de ética.
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