O
governo terá que mandar um projeto de lei para refazer o Orçamento, que está
completamente errado. Nele tem tudo: ficção, truque contábil, quebra de regras,
subestimação de despesa, decisões erradas. Ele fura o teto e contrata um
shutdown, a paralisação da administração pública. O país está nessa armadilha
porque a articulação política não funcionou, e o Ministério da Economia não
impediu. Agora é tentar consertar.
Os
números das contas públicas não batem, mas isso é apenas uma parte das
confusões dos últimos dias. O governo provou, de novo, que nenhum outro na
nossa história mereceu tanto o “remédio amargo” e “fatal” do parlamento. Depois
de estacionar o general Pazuello no corredor do Ministério da Defesa, será
preciso saber para onde despachar Ernesto Araújo. Quanto a Filipe Martins, só
há uma saída aceitável, a exoneração. O que ele fez foi crime de apologia ao
racismo. Mesmo anestesiado pelos disparates diários desta administração, o país
não pode engolir aquele gesto na cara do Senado.
Esse
senador apocalíptico foi encarregado de várias missões. Relatorias de PECs
fiscais e do Orçamento. Para a equipe econômica, foi um tiro no pé. Ele
transformou a PEC emergencial em um pacote vazio e fez um orçamento
imprestável.
O
Tesouro enviou no último dia 22 o relatório do primeiro bimestre. Nele, contou
que há um rombo novo de R$ 17,5 bilhões nas contas. Esse valor teria que ser
bloqueado, mas o relator ignorou a informação. Pior, elevou ainda mais os
gastos com emendas, no valor de R$ 26 bilhões. O rombo, portanto, foi para R$
43 bilhões, além do déficit previsto. Essas emendas foram o preço negociado
pela articulação política do governo para aprovar a PEC Emergencial, que não
corta um centavo no curto prazo. Como o governo adiou o pagamento do abono
deste ano, reduziu a despesa em R$ 7,4 bi. O rombo ficou em R$ 35,6 bi. Isso
teria que ser cortado nos R$ 92 bilhões da despesa discricionária de todo o
governo. Mas, se for contingenciar esse valor, os órgãos da administração terão
que parar.
—
Aprovaram um orçamento impossível de ser executado e com diversos truques
contábeis, como subestimação dos subsídios agrícolas e do Fies. O governo terá
que refazer tudo através de um PLN modificando o orçamento — explica um especialista.
A confusão maior foi feita pelo Congresso, mas um governo que tivesse um mínimo de competência — este não tem, definitivamente — evitaria que tal despautério orçamentário acontecesse.
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