A
conspiração contra a lisura da eleição presidencial não foi de uma figura só
Nem
concluída ainda a votação, o Supremo Tribunal Federal já confirma
a parcialidade de Sergio Moro contra o ex-presidente Lula da Silva, e nisso
traz dois sentidos subjacentes. Se por um lado recompõe alguma parte da
questionada respeitabilidade judiciária, por outro acentua a omissão protetora
aos parceiros na deformação, pelo então juiz e a Lava Jato, do processo de
eleição para a Presidência.
Muitas vezes identificado com Moro, o ministro Edson Fachin foi, no entanto, o proponente da aprovada anulação das sentenças contra Lula, invocando, entre outras, uma razão obscurecida no noticiário: constatou que o inquérito não encontrou prova alguma que ligasse o caso do apartamento em Guarujá a qualquer ato de corrupção na Petrobras, mas os procuradores fizeram tal acusação a Lula e Moro o condenou por isso. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, do Sul, manteve e até aumentou a condenação, seguindo o conturbado relatório do juiz João Gebran.
Aos
procuradores da Lava Jato e aos juízes nada sucedeu por sua atitude,
respectivamente, preparatória e consolidadora do ato de Moro. Foi, porém, para
fortalecer o truque da falsa conexão Lula-corrupção na Petrobras, que Deltan
Dallagnol criou o espetáculo paranoico, na TV, em que situou Lula no centro de
um círculo de atos/pessoas, às quais seu nome se ligava. Eram os apontados como
criminosos da Petrobras e, no centro, aquele a quem designou como "chefe
da quadrilha".
O
objeto da condenação —o
apê em retribuição a negócio escuso na Petrobras— integrava o colar dos
atos criminosos alegados. Mas o Supremo confirma a falsidade da inclusão. Essa
constatação que expõe Moro dá oportunidade a outra figura raiada, em que ele e
Dallagnol ocupem o centro, com raios projetados até os procuradores. O TRF-4
tem a mesma oportunidade gráfica, com o juiz Gebran ao centro.
Um
dinheiro aí
Bolsonaro
se castigando para ler um escrito de autor letrado é cena de humorismo.
Empedrado, com medo de cada palavra, olhar de faminto, para mentir no varejo e
a granel, desdizer-se, negar-se. É o espetáculo da vergonha sem vergonha.
Contudo, rica em motivos.
A
recusa estúpida das altas contribuições da Noruega e da Alemanha ao Fundo
Amazônia, já nos primórdios do atual governo, pouco depois mostrou servir para
afastamento de protestos contra um plano de ação. O pedido de dinheiro, agora,
é o complemento do plano.
O assecla
Ricardo Salles providenciou o desmonte de todo o sistema defensor da
Amazônia. Serviço pronto, ou quase. O dinheiro pedido proporcionaria as
empreitadas para explorar a Amazônia desguarnecida. Com a facilidade adicional
prevista em projeto já na Câmara para liberação dos territórios indígenas à
retirada de madeira, criação de pastos e mineração.
Até
aqui, nem o desmonte de ser rentável. Quem achar que a proteção a garimpeiros
ilegais e desmatadores contrabandistas —como a preservação de seus equipamento
determinada por Bolsonaro e a suspensão de multas por Salles— são medidas sem
compensações, ainda não chegou ao governo Bolsonaro.
Os ritos
Comandos
militares não cessam de repetir que as Forças Armadas são protetoras da
Constituição, das liberdades democráticas, dos interesses nacionais, e por aí
afora. Diz agora o novo ministro da Defesa, general Braga Netto: "É
preciso respeitar o rito democrático". A frase pode ter muitos significados
e nenhum. Nos dois casos, é exemplar das formas nebulosas que são, sim, um modo
de fazer política.
O general
Villas Bôas, então comandante do Exército, "respeitou o rito
democrático"? Os generais coniventes com as investidas de Bolsonaro contra
o Supremo e o Congresso estão "respeitando o rito democrático"?
Perguntas e exemplos assim podem ser centenas.
O impeachment, as CPIs e processos criminais têm todos os seus ritos democráticos. As Forças Armadas comandadas pelo general Braga Netto devem, pois, respeitá-los, deixando-os a cargo das respectivas instituições —que não incluem quartéis.
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