As
consequências da política sanitária de Bolsonaro nós estamos assistindo:
deveremos alcançar o dramático número de 400 mil óbitos da Covid-19
A instalação da CPI da Covid é o fato mais importante deste ano político. O locus da crise deve ser deslocado para os seus trabalhos, os depoimentos, os documentos, à apuração da matança de mais de 380 mil brasileiros. Tudo indica que Jair Bolsonaro vai tentar de todas as formas ameaçar os senadores, bem como deslocar o foco para manobras diversionistas. É a sua especialidade. O desafio para a oposição é de não cair nesta armadilha e concentrar suas forças na apuração dos fatos e das responsabilidades pelo genocídio que estamos assistindo desde março de 2020.
Teremos
semanas tensas e surpreendentes. Se o que já sabemos sobre a ação criminosa de
Bolsonaro e seus sequazes têm nos deixados horrorizados, certamente a revelação
de novos documentos – a CPI, pelo artigo 58, parágrafo 3º, “tem poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais” – vai apresentar ao Brasil o
plano genocida. Sim, o que estamos assistindo não é uma ação da natureza, como
uma erupção vulcânica, mas a construção de um projeto genocida planejado pelo
Palácio do Planalto. A recusa da compra de vacinas em agosto do ano passado – e
poderíamos já estar vacinando desde novembro – não foi um gesto de desdém
frente à pandemia. Foi mais, muito mais. Bolsonaro estimulou a circulação do
vírus imaginando – e aí foi aconselhado pelos seus “especialistas” na área de
saúde pública – que a imunização de rebanho levaria a que não fosse necessário
a compra de vacinas. É o aprendizado típico dele e de seus asseclas: como estão
distantes da ciência, é através de vídeos instantâneos de alguns minutos que
“aprendem” sobre os mais diversos assuntos da administração pública. E, nesse
caso, foram aulas de profissionais médicos que se assemelham ao Dr. Josef
Mengele. As consequências nós estamos assistindo: deveremos alcançar ainda
neste mês de abril o dramático número de 400 mil óbitos da Covid-19.
Assim, a CPI vai apresentar ao Brasil a ação genocida de Bolsonaro. Só que não em um pronunciamento de algum especialista, ou em uma reportagem. Desta vez teremos no prédio do Senado, em plena CPI, com a cobertura de toda imprensa nacional e internacional, e transmitido pela televisão, ao vivo, os relatos devidamente fundamentados sobre a maior tragédia sanitária da história do Brasil republicano. Se agregarmos o que a CPI vai revelar – antes até da conclusão dos seus trabalhos – com o brilhante documento da OAB, temos o cenário pronto para o impeachment. Bastará, então, fazer política republicana.
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