O
vídeo em que a jornalista Leda Nagle repercute a postagem de um perfil falso do
diretor-geral da Polícia Federal sobre uma suposta conspiração do STF e de Lula
no atentado contra Jair Bolsonaro em 2018 incendiou as redes bolsonaristas
nesta segunda-feira.
O
vídeo de pouco mais de 2 minutos surgiu nas redes logo pela manhã, quando Leda
leu os tuítes da conta falsa de Paulo Maiurino, já suspensa pelo Twitter, em
uma live privada.
"Minha
Nossa Senhora do perpétuo socorro (…) Eu não sei o que fazer, fico tão
assustada com isso tudo! Porque isso não é política, né? Isso é tudo, menos
política", disse a jornalista, depois de ler toda a postagem falsa em nome
de Mairuino.
Imediatamente,
foram disparadas mensagens em massa reproduzindo a fake news, e apontando Leda
Nagle como a responsável pela suposta apuração.
“A
ordem para matar Bolsonaro partiu do STF e Lula! Diretor da Policia Federal
Paulo Maiurino fez declaração que pode provocar uma intervenção no país,
assistam! Fonte: Jornalista Leda Nagle”, diz um texto replicado em vários
grupos.
No início da tarde, Polícia Federal informou que o perfil do diretor, Paulo Maiurino, havia sido falsificado. Leda Nagle chegou a se desculpar publicamente por ter divulgado a informação falsa, mas era tarde.
A
narrativa da conspiração foi multiplicada ao longo de todo dia, acompanhada de
memes e reproduções de mensagens com apelos por uma ruptura institucional e
ataques críticas ao STF e ao PT.
Numa
delas, Adélio Bispo, preso pela facada que deu em Bolsonaro durante a campanha
de 2018, aparecia dizendo "eram 11, mas só um deu a ordem".
“Estamos
neste momento em guerra. Conforme o chefe da Polícia Federal, foi o STF quem
mandou matar Bolsonaro. Exigimos o fechamento e a prisão de todos os membros do
STF que estão por trás desse crime”, escreveu um bolsonarista em caixa
alta.
“As
suspeitas de envolvimento do STF na tentativa de assassinato do presidente, se
confirmadas, poderão levar a uma reviravolta completa na atual organização
política do Estado Brasileiro. E muitas, muitas prisões serão efetuadas”,
apostou outro apoiador do presidente, com mais de 10 mil seguidores no Twitter,
em publicação replicada em vários grupos do WhatsApp.
No
Telegram, um áudio apócrifo contava sobre um suposto relato do senador
Roberto Rocha (PSDB-MA) e de um integrante “barra pesada” do Gabinete de
Segurança Institucional que "revelava" outros mandantes da falsa
conspiração: Jean Wyllys, José Dirceu e Fernando Henrique Cardoso.
À
noite, quando diversas reportagens denunciando as fake news já haviam sido
publicadas, o teor das postagens se inverteu.
Aí,
o link mais compartilhado era o de uma postagem em um site bolsonarista
acusando "gabinete de ódio" da esquerda de “linchar” Leda Nagle e
promover fake news a respeito dela.
Em
outro vídeo bem popular, o jornalista Alexandre Garcia, também ligado a
Bolsonaro, defende a colega. "A ironia disso é que muita gente que está
caindo de pau sobre ela inventa notícia todos os dias. Não tem moral para gozar
alguém que foi enganada."
Junto com as postagens, uma mensagem bastante reproduzida dizia: "Leda Nagle, o Brasil te Ama".
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