terça-feira, 25 de maio de 2021

Ricardo Noblat - Ah, se não fosse o Supremo e o seu rigor com o governo…

- Blog do Noblat / Metrópoles

Deputado do PT reconhece que a situação do país poderia ficar pior se o Supremo Tribunal Federal se deixasse intimidar por Bolsonaro

Desabafo de um deputado federal quatro estrelas do PT que não dá Jair Bolsonaro como previamente derrotado nas eleições do ano que vem, e que acha que ele poderá se recuperar até lá:

– Se não fosse o Supremo Tribunal Federal, a situação do país estaria pior do que está.

Tem razão, e por isso Bolsonaro tanto pressiona o Supremo e orienta seus militantes a atacá-lo. Mexeu com o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, é mexer com o presidente.

E, em menos de uma semana, o Supremo mexeu duas vezes – a primeira quando o ministro Alexandre de Moraes autorizou a Polícia Federal a investigá-lo no caso de contrabando de madeira.

A segunda quando, por ordem do Supremo, o Ibama voltou a exigir documento de licença para exportação de madeiras de espécies nativas. Isso bateu forte em Bolsonaro e Salles.

A regra, de 2011, foi suspensa em fevereiro do ano passado pelo presidente do Ibama, Eduardo Bim, por sinal afastado do cargo na última quarta-feira por decisão de Alexandre de Moraes.

Na sexta-feira, a embaixada americana mandou um ofício à Polícia Federal sobre a apreensão de três carregamentos de madeira brasileira com destino aos portos de Nova Orleans e Seattle.

Foram 74 mil quilos de madeiras de espécies nativas da Amazônia, como angelim, jatobá e maçaranduba. Madeiras nobres, que no exterior são vendidas por alto preço.

No ofício, a embaixada diz que o governo americano vai “solicitar o compartilhamento das investigações e das evidências produzidas no Brasil e nos Estados Unidos” sobre esse tipo de crime.

É o primeiro passo para que autoridades norte-americanas comecem a investigar Salles e a sua turma. Da turma, ficará de fora Bolsonaro para não ameaçar as boas relações entre os dois países.

Chegou a hora de o governo investir nos pobres para se reeleger

A ordem de Paulo Guedes, ministro da Economia, é gastar o que for necessário para garantir a vitória de Bolsonaro da eleição do ano que vem

O ministro Paulo Guedes, da Economia, já avisou à sua equipe: sem a reeleição no ano que vem do presidente Jair Bolsonaro, o tempo se fechará para todos. Então, a ordem é só uma: gastar, gastar tudo o que possa ser gasto para evitar a derrota.

A arrecadação de impostos voltou a bater num teto que eles não julgavam possível. Inflação em alta, mesmo que sacrifique os brasileiros mais pobres, deverá permitir algo como mais R$ 10 bilhões para investimentos no próximo ano.

O pagamento do auxílio emergencial será prorrogado. O programa Bolsa Família, com outro nome, será inflado. Tudo de acordo com o que Guedes havia antecipado na reunião ministerial de abril do ano passado quando disse sem saber que era gravado:

“Vamos fazer o discurso da desigualdade, vamos gastar mais para eleger o presidente”.

O discurso da desigualdade já foi coisa da esquerda para alcançar o poder e nele manter-se. Guedes e Bolsonaro estão dispostos a se apropriar do discurso. As reformas econômicas podem esperar.

Para acalmar bolsonaristas, CPI da Covid-19 ouvirá governadores

Decisão tomada pela maioria dos membros da comissão deverá ser aprovada, hoje, em mais uma sessão de depoimentos

Foi uma decisão tomada com dois objetivos por senadores reunidos ontem à noite (24/5), em Brasília, no apartamento de Omar Aziz (PSD-AM): o primeiro, acalmar a bancada governista; o segundo, começar a construir as bases que justifiquem o aumento do prazo de funcionamento da comissão.

Assim, a CPI da Covid-19 deverá aprovar, hoje, a convocação para depor de nove governadores e de 12 prefeitos e ex-prefeitos de capitais. Os governadores, a saber: do Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal.

Qual foi o critério de seleção? Segundo Aziz, que preside a CPI, “estados e capitais onde a Polícia Federal investiga suspeita de desvio de recursos de combate à Covid.” Se antes a CPI não se esgotaria no prazo de 90 dias, muito menos depois de ampliar a lista de futuros interrogados.

Não era a ideia inicial, embora a decisão do Supremo Tribunal Federal que garantiu sua instalação tenha deixado aberta a possibilidade de a CPI apurar a suspeita de mau uso por governadores do dinheiro repassado pelo governo federal. Mas faz sentido. Bolsonaro não ficou inteiramente satisfeito.

Não gostou de ver na lista os governadores do Amazonas, Rondônia, Roraima, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Distrito Federal, seus amigos e dóceis aliados. E sentiu falta na lista do governador de Alagoas, filho do senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI e seu mais duro crítico.

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