- Folha de S. Paulo
Investigação mostra que Bolsonaro levou
gangue golpista ao poder
A Polícia Federal descobriu que aliados e
auxiliares de Jair Bolsonaro financiaram protestos que pediam o fechamento do
Congresso, organizaram um grupo extremista que atacou o STF e espalharam
informações enganosas para atingir adversários do presidente.
As ações foram documentadas num relatório
de mil páginas no inquérito dos atos antidemocráticos. A Procuradoria-Geral da
República, porém, não viu muita coisa. Cinco meses depois de receber a
papelada, o time de Augusto Aras pediu o arquivamento de apurações contra
políticos e pessoas com foro especial.
Os procuradores não quiseram enxergar, mas
a investigação mostrou que o bolsonarismo instalou uma gangue golpista dentro
da máquina pública. Mensagens obtidas pelos policiais indicam, por exemplo, que
um assessor da deputada Bia Kicis (PSL-DF) ajudou a organizar um acampamento
de ativistas radicais que usaram tochas e máscaras para intimidar o
STF, no ano passado.
Documentos também apontam que um funcionário terceirizado do Ministério dos Direitos Humanos bancou o aluguel de carros de som para um protesto em frente ao quartel-general do Exército, em abril de 2020. Renan Sena também comprou faixas que pediam uma intervenção militar. Bolsonaro participou daquela manifestação e discursou na caçamba de uma caminhonete.
A PF descreveu ainda uma operação
orquestrada nas redes sociais para atacar instituições e rivais políticos. Os
dados coletados na investigação sugerem que a administração de páginas
pró-Bolsonaro era feita dentro do Planalto e até em seu condomínio na Barra da
Tijuca. O responsável por boa parte dos acessos foi um
assessor direto do presidente.
A investigação mostrou como funciona o
grupo que dá sustentação às investidas de Bolsonaro contra os limites da
democracia. A PF deveria aproveitar o material para mapear a divulgação de
informações falsas sobre urnas eletrônicas e a tentativa de melar a próxima
eleição. Os golpistas continuam no poder.
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