Blog do Noblat / Metrópoles
Favorito a ganhar a indicação do PSDB para
candidato a presidente da República, governador de São Paulo estimula
desavenças
Do ramo, ele não é e nunca será – diziam
seus adversários até que o empresário e comunicador João Doria, filho de um
político e marqueteiro bem-sucedido à sua época, elegeu-se prefeito de São
Paulo no primeiro turno e, em seguida, governador.
Mas do ramo, tal como ele é conhecido até
aqui, Doria de fato não parece ser. Atropela a fila de candidatos naturais a
certos postos, trai quem já o apoiou, e à falta de bons modos, ou porque os
seus são diferentes, arranja brigas com espantosa facilidade.
Foi o que fez, ontem, mais uma vez depois de ler e interpretar mal uma entrevista concedida pelo presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo — por sinal, indicado para o cargo por ele. Araújo falou que o partido terá candidato à vaga de Bolsonaro.
Mas, em seguida, acrescentou que nem por isso descartaria a possibilidade de o PSDB negociar com seus aliados a indicação de um eventual outro nome. Não seria elegante tentar empurrar o seu goela abaixo de ninguém. Araújo foi apenas cortês.
Doria não entendeu assim e partiu para
cima. Em entrevista à CNN Brasil, aproveitou para atacar também Geraldo Alckmin
e Aécio Neves, figurinhas carimbadas do PSDB. Alckmin quer ser candidato ao
governo; Doria fechou-lhe as portas.
O ataque mais duro foi contra Aécio, a quem
ele acusou de fazer o jogo do presidente Jair Bolsonaro e de só pensar em
dinheiro para tentar se reeleger. Lembrou de passagem o passado de envolvimento
de Aécio com irregularidades financeiras.
O senador Tasso Jereissati está com um pé
fora das prévias do PSDB para a escolha do seu candidato às eleições
presidenciais do ano que vem. O governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul,
ainda tem os dois pés dentro, mas Doria deverá vencê-lo.
Por que Doria, diabos!, não cuida de
preparar-se para o dia seguinte às prévias quando precisará do partido e de São
Paulo unidos em torno de si? Ou ele é um gênio capaz de inventar uma nova
maneira de fazer política ou então é um amador de sorte.
Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara, o
novo homem-bomba
Bolsonaro mexeu com quem não devia e agora
teme receber o troco
É do Amazonas que eles veem – Omar Aziz
(PSD), senador, presidente da CPI da Covid-19 e possível candidato ao governo
do seu Estado ano que vem; e agora Marcelo Ramos (PL), deputado federal e
vice-presidente da Câmara.
Jair Bolsonaro enganou-se no caso de Aziz,
que julgava um político capaz de atuar com moderação à frente da CPI em troca
de certas vantagens. Enganou-se também no caso de Ramos, escolhido para vice
por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara.
Há dois dias que Bolsonaro atribui a Ramos
a quase triplicação dos recursos destinados a financiar as próximas eleições. O
aumento foi aprovado por larga maioria no Congresso. Votaram a favor Eduardo e
Flávio Bolsonaro, e todos os bolsonaristas.
Ramos presidiu a sessão da Câmara e, por
isso, não votou. Chegou a pôr em votação um pedido de destaque que poderia ter
eliminado o aumento escandaloso, mas faltou apoio para isso. Então por que
Bolsonaro o culpa? Para livrar a cara dos seus.
Resultado: Ramos anunciou seu rompimento
com o governo. E disse que pedirá a Lira acesso às dezenas de processos de
impeachment contra Bolsonaro engavetados na Câmara. Pretende examiná-los desde
já. No futuro, quem sabe?
No futuro, Ramos só poderá aceitar qualquer
um dos pedidos de impeachment se estiver substituindo Lira na presidência da
Câmara. Isso poderá acontecer se Lira viajar ao exterior, ou se estiver no
exercício da presidência da República, ou de licença.
A ameaça de Ramos não passará de blefe? Quem pode saber…
Nenhum comentário:
Postar um comentário