terça-feira, 20 de julho de 2021

Opinião do dia – Antonio Gramsci* II

“Apresentam-se, portanto, duas formas de "partido" que, como tais, ao que parece, fazem abstração da ação política imediata: o partido constituído por uma elite de homens de cultura, que têm a função de dirigir, do ponto de vista da cultura, da ideologia geral, um grande movimento de partidos afins (que são, na realidade, frações de um mesmo partido orgânico); e, no período mais recente, o partido não de elite, mas de massas, que como massas não têm outra função política senão a de uma fidelidade genérica, de tipo militar, a um centro político visível ou invisível (frequentemente, o centro visível é o mecanismo de comando de forças que não desejam mostrar-se sob plena luz, mas apenas operar indiretamente por interposta pessoa e por "interposta ideologia"). A massa é simplesmente de "manobra" e é "ocupada" com pregações morais, incentivos sentimentais, mitos messiânicos de expectativa de épocas fabulosas nas quais todas as contradições e misérias do presente serão automaticamente resolvidas e sanadas.”

*Antonio Gramsci (1891-1937), Cadernos do Cárcere, 3ª Edição, v. 3, p. 351. Editora Civilização Brasileira, 2007.

Um comentário:

Aylê-Salassié disse...

É isso mesmo. Você é um pragmático! As Cartas de Cárcere dão a impressão de que o Gramsci tentava entender - e conseguiu - o que nós procuramos até hoje.
Bela série. Continue.