Folha de S. Paulo
Digitais de Jair e semelhanças aparecem em
acusação feita por ex-assessor de Flávio
Ao longo dos anos, Jair Bolsonaro controlou
as jogadas que transformaram sua família numa operação política. Fabricou
candidaturas para os filhos, fez com que um deles disputasse uma eleição contra
a própria mãe e designou gente de sua confiança para os gabinetes da prole.
Apesar do protagonismo, o presidente sempre tentou manter distância de suspeitas que envolvem a família. Quando estourou o escândalo da rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro, Jair chegou a dizer que o filho teria que pagar se surgissem provas do crime. Os capítulos seguintes dessa história, porém, tornam praticamente impossível dissociar esses métodos do chefe do clã.
Na mais recente revelação, um ex-assessor
de Flávio disse ao site Metrópoles que, por quase quatro anos, teve que entregar
80% de seu salário a Ana Cristina Valle, então mulher de Bolsonaro. Segundo
esse funcionário, ela era encarregada de recolher o dinheiro de todo o pessoal
lotado ali e no gabinete de Carlos na Câmara de Vereadores do Rio.
Digitais do presidente aparecem nos relatos
de Marcelo Luiz Nogueira dos Santos. Ele afirmou que Bolsonaro, que era
deputado à época, tinha conhecimento do esquema. Além disso, Jair teria tomado
a decisão de passar o comando da operação para Flávio e Carlos depois de
descobrir que Ana Cristina o traía.
Marcelo disse que não era funcionário
fantasma, mas declarou que parte do pessoal que integrava a rachadinha nem
aparecia para trabalhar. Há suspeitas de que essa prática ocorria nos gabinetes
de outros Bolsonaros, incluindo
o próprio Jair. Casos já revelados têm como personagens uma filha de
Fabrício Queiroz e a
inesquecível Wal do Açaí.
O ex-assessor afirmou ainda que pagava Ana
Cristina em mãos e em dinheiro vivo. Investigações já apontaram que essa era
uma rotina do gabinete de Flávio e, em março, o UOL revelou que quatro
funcionários de Jair na Câmara sacavam em espécie mais de 70% de seus salários.
Tudo indica que os métodos da rachadinha eram um patrimônio da família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário