Folha de S. Paulo
Com inflação alta e indiciamentos na
pandemia, presidente repete ladainha do risco socialista
Jair Bolsonaro deve chegar ao ano eleitoral
com a inflação nas alturas, a economia em marcha lenta, promessas de campanha
descumpridas e um indiciamento nas costas por crime contra a humanidade. Com
poucos argumentos para pedir mais um mandato nas urnas, o presidente agita
velhos fantasmas e tenta conquistar votos pelo medo.
Percebe-se que o governo não tem nada a apresentar quando Bolsonaro apela para a ladainha do perigo socialista no Brasil. Nesta terça (26), o presidente usou refugiados venezuelanos como figurantes dessa plataforma política. Em Roraima, ele visitou um desses grupos, fez referência a governos de esquerda e disse que a miséria no país vizinho era resultado de "escolhas erradas".
"É aquele pessoal do Foro de São
Paulo, sempre enganando o povo, induzindo as pessoas a ir para a esquerda, se
associar ao socialismo", afirmou Bolsonaro, num vídeo produzido para as
redes sociais. "Governos de esquerda no passado ajudaram a chegar lá isso
que está na Venezuela, que nós nos preocupamos que não aconteça no
Brasil."
O primeiro alvo do presidente nessa
campanha é óbvio: o antipetista delirante que enxerga na ditadura venezuelana o
espelho de um futuro governo Lula. Bolsonaro quer convencer esse eleitor a
ignorar o vazio de seu mandato, uma vez que reelegê-lo seria a única maneira
de evitar a volta da esquerda ao poder.
O presidente também tenta desarmar outra
bomba ao associar a miséria à coloração do regime da Venezuela. Bolsonaro quer
passar aos mais pobres a mensagem de que um governo de esquerda produziria mais
fome, num esforço para reduzir sua desvantagem no embate eleitoral com Lula na
área social.
Na campanha de 2018, Bolsonaro teve sucesso
ao elevar às alturas a estridência do antipetismo e se vender como uma barreira
fundamental para conter a esquerda. Desta vez, aquelas assombrações podem não
ser suficientes para garantir sua vitória. O presidente será julgado nas
urnas pela
catástrofe que produziu.
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