Folha de S. Paulo
Médico defendeu presidente e disse que ele
foi mal interpretado em declaração falsa sobre vacinas
O médico que comandava o Ministério da
Saúde no início da pandemia foi demitido porque decidiu contestar os desatinos
do chefe. Na véspera de perder o cargo, Luiz Henrique Mandetta reconheceu que
estava em risco porque havia
"um descompasso" entre a pasta e Jair Bolsonaro. O doutor
que ocupa a cadeira hoje prefere não correr o mesmo perigo.
Marcelo Queiroga faz figuração no cargo de ministro da Saúde enquanto espera para lançar uma candidatura nas próximas eleições. Ele já lançou dúvidas sobre o uso de máscaras numa época em que morriam 1.000 pessoas por dia e suspendeu a vacinação de adolescentes para seguir as vontades de um presidente que acredita em boatos da internet.
Agora, o doutor resolveu defender um chefe
que espalhou
uma associação falsa entre os imunizantes contra a Covid-19 e a Aids.
Numa entrevista à agência de notícias portuguesa Lusa, Queiroga disse que
Bolsonaro foi mal interpretado e que só existem "narrativas de como o
presidente é contra a vacina".
O ministro desfila pelo país com números
oficiais da vacinação para fazer propaganda do governo federal, mas é incapaz
de desmentir uma das maiores atrocidades fabricadas pelo presidente em sua
interminável campanha de sabotagem à imunização dos brasileiros.
Na ausência de um ministro disposto a
proteger a saúde da população, surgiu um contra-almirante. O presidente da
Anvisa, Antônio Barra Torres usou o início de uma reunião da agência para rebater
a barbaridade presidencial. "As vacinas aprovadas pela Anvisa não
induzem a nenhuma doença", disse.
Formado em medicina, o militar se dizia
amigo de Bolsonaro e participou de uma aglomeração em frente ao Planalto
durante a pandemia. Meses depois, ele foi chamado à CPI e criticou
as atitudes do presidente.
Barra Torres tem estabilidade no cargo e
mandato até 2024. Queiroga quer segurar a vaga na Esplanada e pedir votos com
Bolsonaro em 2022. Para atingir esses objetivos, o ministro prefere só bajular
o presidente.
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