O Estado de S. Paulo
Com discursos vazios, a política coloca o País no fundo do poço e leva a economia junto
São
dias de festa em Brasília. Normalmente elas acontecem mais para perto dos
últimos dias de novembro e início de dezembro na votação do Orçamento. Mas a
PEC dos Precatórios acabou antecipando os festejos.
É
planilha para cá; é planilha para lá nos gabinetes do Congresso. Os caciques
dos partidos estão dividindo o bolo das emendas parlamentares para 2022.
O
PSDB, que para o público de fora vende a bandeira da responsabilidade fiscal
com seus dois candidatos à Presidência, entrou de cabeça na negociação das
emendas.
A PEC virou um “trem da alegria” para encaixar tudo que é tipo de demanda. Tem adiamento do pagamento (calote) de precatórios, furo no teto de gastos para aumentar fundo eleitoral, Refis generoso para dívidas previdenciárias dos prefeitos e securitização de dívida ativa dos Estados, que nada mais é do que antecipação de receitas que vai prejudicar os futuros governadores.
Sabe-se
lá o que mais enfiaram no texto na letrinha miúda do dialeto próprio da
legislação orçamentária, compreensível para poucos do mundo político que têm
voto no Congresso.
Um
bailão orçamentário que se retroalimenta. Busca-se aprovar uma PEC para liberar
R$ 16 bilhões para emenda de relator, e se usam essas mesmas emendas para
aprovar a PEC.
Teve
até mesmo ensaio de um movimento para tentar carimbar na Constituição o caráter
obrigatório e impositivo das emendas de relator.
Esse
tipo de emenda é a base da distribuição de recursos a parlamentares aliados por
meio do chamado “orçamento secreto”. Se está difícil conseguir os votos para a
PEC, paga-se mais. A desfaçatez tem sido grande.
Na
Câmara, o presidente Arthur Lira culpou a não aprovação do projeto do Imposto
de Renda pelo furo do teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil com R$ 400. É
falso.
No
Palácio do Planalto, o presidente Bolsonaro disse que seu governo “nunca
barganhou emenda”. É falso.
No
Ministério da Economia, o ministro Paulo Guedes deu nota baixa para sua própria
equipe e colocou seus auxiliares como vilões do social. É falso.
No
Senado, o presidente Rodrigo Pacheco disse que a PEC não é eleitoreira e que
compatibiliza a necessidade de pagar os precatórios com a observância do teto.
É falso.
Discursos
vazios. É a política colocando o País no fundo do poço e levando a economia
junto. A notícia do dia: Banco Central eleva juros de 6,25% para 7,75% e
antecipa mais aperto. Parabéns aos envolvidos! •
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