Folha de S. Paulo
Eleições também seduzem médicos
negacionistas indiciados pela CPI
Essa previsão até a Mãe Dinah acertaria.
Animado com os mais de 2 milhões de seguidores que ganhou depois de fazer
comentários homofóbicos, o jogador de vôlei Maurício Souza deve
concorrer às eleições em 2022.
Ele fez o anúncio de sua candidatura num desses programas que buscam audiência debatendo e repercutindo todo tipo de boçalidade. O discurso foi bem ensaiado: "Isso é uma coisa que não estava prevista, nunca me imaginei na política, mas muitos partidos conservadores estão me dizendo que seria importante", disse o atleta, que nas quadras atuava como central e como candidato vai se deslocar para a extrema direita. O curioso é que, entre seus possíveis eleitores, estão os que vivem a repetir que esporte nada tem a ver com política.
Se o axioma valesse, tampouco teria a ver
com saúde pública. O repórter João Pedro
Pitombo revelou que médicos —notórios pela defesa do tratamento
precoce da Covid— começam a planejar sua vida não mais receitando panaceias,
mas pedindo votos. Tendo à frente Mayra Pinheiro e Osmar Terra, é o embrião da
bancada da cloroquina, que pretende se reunir no Congresso às da bala, do boi e
da Bíblia, as mesmas forças que agora, em benefício próprio, dão apoio à
gastança sem teto em ano eleitoral.
Adulador-mor de Bolsonaro e ministro da
Saúde nas horas vagas, Marcelo Queiroga vai tentar o Senado pela Paraíba. No
grupo está o general Pazuello, que não é médico (nem sabia o que era o SUS) e
foi escalado para enfrentar o vírus em seu momento mais crítico. O espantoso
—se algum espanto ainda cabe nessa tragédia— é que o carioca Pazuello sonha em
candidatar-se pelo Amazonas, onde ele foi responsável por falta de oxigênio,
colapso no sistema de saúde e mortes.
A sedução das urnas atinge até aqueles que se consideram homens santos. Sergio Moro e Deltan Dallagnol querem reviver os tempos da República do Paraná, transportando-a para Brasília.
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