O Estado de S. Paulo
Governos, empresas, academia precisam dar respostas a perguntas sobre a mudança climática
Chega de blablablá. Inspirados pelo mantra
de Greta Thunberg, jovens tomaram as ruas de Glasgow e pediram aos líderes
mundiais medidas concretas contra as mudanças climáticas. O papel dos governos
é essencial para evitar um futuro de pesadelo – o qual, por óbvio, afetaria
principalmente os que hoje estão na casa dos 20 anos. Eles não são, no entanto,
os únicos que devem ser cobrados.
Presidentes e primeiros-ministros têm
jurisdição apenas sobre os países onde foram eleitos. As nações têm uma grande
contribuição a dar – o Acordo de Paris é basicamente sobre isso.
Mas a mudança climática é um problema
global. As redes transnacionais precisam contribuir.
Que redes são essas? Uma das definições mais usuais de globalização é: livre circulação de bens, finanças, pessoas e conhecimento. Pelo menos duas dessas redes – a do conhecimento e a das finanças – fizeram anúncios importantes na conferência do clima de Glasgow que correm o risco de passar despercebidas em meio aos acordos governamentais.
A COP 26 abrigou o encontro da Global
Alliance of Universities on Climate (Gauc), que reúne a nata dos pesquisadores
de mudanças climáticas.
Participam da aliança, entre outras, as
americanas Columbia, Berkeley e MIT, e as britânicas Oxford, Imperial College e
London School of Economics.
As universidades de Tóquio, Tsinghua e
Federal do Rio de Janeiro representam, respectivamente, Japão, China e Brasil.
Na reunião da Gauc em Glasgow, realizada
ontem, falou-se na troca de créditos de carbono entre as universidades. “Com
isso, a academia se envolverá fortemente no desenho de um mercado mundial de
carbono”, diz a brasileira Suzana Kahn-ribeiro, da UFRJ, uma das líderes do
Gauc e mentora do projeto. Ela é entrevistada em um dos minipodcasts da semana.
Outra iniciativa importante veio na área da
economia globalizada. Na quarta-feira, a Fundação IFRS, responsável pela
uniformização internacional dos relatórios financeiros das empresas, anunciou
que irá desenvolver métricas universais para que as companhias possam
padronizar seus perfis de sustentabilidade. “Com isso, investidores poderão
incluir dados ESG em suas análises de risco e de oportunidades, com maior
comparabilidade e mais rigor científico”, diz o português Rodrigo Tavares,
integrante da rede de líderes jovens globais do Fórum Econômico Mundial. Ele é
entrevistado em outro minipodcast.
Governos, empresas, academia. Todos esses
atores precisam dar respostas aos que, com razão, fazem perguntas
inconvenientes sobre a mudança climática. De preferência, com ações concretas –
e sem blablablá.
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