Colapsamos
moral e politicamente, sem conseguir transmutar em energia de união e
solidariedade a tragédia que nos atinge
Não
houve, no Brasil, resposta política à altura do desafio da pandemia; não houve
concerto de vozes a se elevarem além de interesses mesquinhos, obscuros,
imediatistas, politiqueiros. Não houve gestão, articulação ou estratégia; não
houve, por parte daquele que nos preside em tão grave momento, nada além de
verborragia inútil e presunçosa.
Diante
de um quadro
devastador de agonia e desespero, o presidente agiu de forma leviana,
disparando provocações, provocando aglomerações e proferindo estultices que
conturbaram ainda mais uma situação já fora de controle. A despeito, porém, do
descompasso mundial, da indiferença boçal, das piadas ecoadas em uma pátria
enlutada, aquele a quem chamam “mito” ainda conta com a defesa canina de
muitos, provando que o fanatismo é tão difícil de ser debelado quanto o
coronavírus.
Desde o início da pandemia, estava claro tratar-se de grave questão coletiva a demandar cooperação e harmonia, mas, na direção contrária, fez-se a opção pelo tumulto, pela guerra ideológica, pela confusão. Questões humanitárias foram politizadas, narrativas delirantes tiveram vez em assuntos onde a competência técnica já havia assinalado diretrizes e nós colapsamos moral e politicamente, sem conseguir transmutar em energia de união e solidariedade a tragédia que nos atinge. Precisamos reagir.
O
Estado já provou sua incompetência, mas os de bom senso e boa-fé que restam na
política precisam cortar gastos, extinguir privilégios, decidir por um auxílio
emergencial suficiente para a sobrevivência dos vulneráveis (R$ 250 não dá nem
pra comer), enfrentar os corruptos, confrontar os ineptos, neutralizar os
insanos.
A
sociedade civil também deve atuar: associações, sindicatos, ONGs, igrejas,
filantropos, empresas, todos devem contribuir. É um esforço necessário, justo e
urgente. Se falharmos, o resultado poderá ser de completa convulsão social:
terreno fértil para as tentações totalitárias à direita e à esquerda.
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