Blog do Noblat / Metrópoles
O atual presidente tem as qualidades de um
estadista planetário
A repercussão internacional da visita do Presidente Lula à China mostra a importância do Brasil no cenário mundial como ator influente da política global. O atual presidente tem as qualidades de um estadista planetário: primeiro, graças ao tamanho e as características do Brasil, país síntese das riquezas e pobrezas do mundo moderno; segundo, por suas características pessoais, reconhecimento mundial e sensibilidade para os problemas atuais da humanidade, também por sua capacidade de dialogar e encontrar convergências. O mundo espera que o presidente use seu carisma, as carcteristicas do Brasil e a competência de nossa diplomacia para apresentarmos propostas que enfrentem os grandes problemas do planeta: pobreza, desemprego e desigualdade, mudanças climáticas, migração em massa, fluxos descontrolados de fake news e de finanças.
Nem os países europeus, nem os africanos,
nem seus dirigentes têm condições de oferecer alternativas a estes problemas.
Com a legitimidade de 5° maior país, dono da Amazônia, com a força do 7° mais
populoso, 10ª maior economia, ao mesmo tempo, com nossas contradições sociais e
algumas boas práticas de políticas públicas. o Brasil e Lula podem propor uma
governança mundial para todas as florestas, como forma de limitar desmatamento;
podem sugerir a formação de fundo internacional para financiar programa mundial
de Bolsa Família, como forma de reduzir pobreza e fazer desnecessária a
emigração em massa; indicar a necessidade de regras para o sistema monetário e
financeiro global; podem propor programa para educar todas as crianças do
mundo, nenhuma deixada para trás, independente da nacionalidade; podem liderar
a luta por um desenvolvimento global, sustentável, eficiente, justo,
democrático.
As pessoas próximas ao Presidente Lula
precisam enfatizar a responsabilidade que ele tem no mundo atual, lembrando-o
para não desperdiçar sua força política e moral com gestos e discursos
prisioneiros de temas conjunturais da diplomacia entre países, optando por
defender soluções para os grandes problemas estruturais que afetam humanidade,
o conjunto dos países. Até aqui, o mundo era a soma dos países, agora, os
países são pedaços do mundo. É neste novo estadismo que Lula tem potencial
único, por sua sensibilidade, seu carisma e graças a importância do Brasil.
Querer disputar a chance de pacificar a guerra contra a Ucrânia, enfraquece sua
liderança como estadista global, tira seu poder de líder social e moral. Há
diversos serviços diplomáticos tentando equacionar a difícil guerra da Ucrânia
na qual não há neutralidade possível, o mundo precisa do Lula global, seria uma
grande perda se este seu papel for sacrificado como efeito colateral das bombas
que os russos jogam na Ucrânia.
*Cristovam Buarque foi senador, ministro e governador
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