Folha de S. Paulo
Peixes grandes do golpe terão penas mais
graves que as dadas à horda de bagres ensandecidos
Era questão de tempo. Pela dimensão do
caso, não demorou. Levou um ano e um mês até que a Polícia
Federal batesse às portas dos tubarões envolvidos na
conspiração golpista, cujo ápice deu-se de maneira atabalhoada no dia 8 de
janeiro de 2023.
Vemos uma resposta a quem reclamava que as investigações, processos e condenações alcançavam apenas os peixes pequenos executores da depredação nas sedes dos três Poderes, destinada a provocar a conturbação da ordem e daí a ruptura institucional.
A casa de Jair
Bolsonaro e seus companheiros civis e militares da urdidura
criminosa aproxima-se da demolição. Diante do exposto na justificativa da
operação de buscas, apreensões e prisões da cúpula então governista da sedição,
não resta dúvida sobre o destino dos investigados. Serão condenados e a penas
maiores que as imputadas à massa de manobra dos bagres ensandecidos. O que
houve está sendo muito bem contado, não foram conjecturas ou meras conversas
sobre hipóteses bravateiras. Havia um
presidente da República em estado de sublevação empenhado em
colocar o governo a serviço de um golpe em andamento.
As ações estavam em marcha. Na luz e na
sombra. Durante o mandato de Bolsonaro foram inúmeras e reiteradas as
manifestações públicas ofensivas ao Estado de Direito feitas por ele,
ministros, assessores e políticos afinados. Enquanto isso, nos gabinetes montava-se
o roteiro da infâmia.
O planejamento de um golpe é de gravidade
extrema e requer punição. Até porque quando é de fato executado não há essa
oportunidade. Os golpistas assumem o poder, e os legalistas vão para a prisão.
Já vimos esse filme, que completa seis décadas neste ano.
Sem a inevitável condenação dos
conspiradores, a obra da resistência não estaria completa. Não poderíamos dizer
que as instituições estão firmes e fortes e cuja plenitude nos permite conhecer
a história do motim antidemocrático que não foi, mas poderia ter sido.
2 comentários:
Muito bem!
MAM
Verdade.
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