O Estado de S. Paulo
Governo brasileiro vê Netanyahu cada vez mais isolado e isolando Israel no mundo
Com a adesão de Espanha, Noruega e Irlanda,
146 dos 193 países que integram a ONU apoiam o reconhecimento pleno da
Palestina como Estado e, portanto, com status para dialogar e negociar em
condições de igualdade com Israel. “Hoje, não há diálogo entre eles, o que há
um monólogo”, diz o chanceler Mauro Vieira. Pode-se ler que só Israel “fala”,
subjugando a Palestina e impondo suas regras, interesses e poderio econômico e
militar.
O movimento internacional pró estado
Palestino tende a ter “efeito dominó”, inclusive pela simbologia da Noruega,
que há 30 anos sediou o “Acordo de Oslo”,
entre Israel e Palestina, mediado pelos Estados Unidos e nunca cumprido pelos israelenses. Essa posição birrenta tornou-se irritante na era Netanyahu e inaceitável com a carnificina em Gaza e a escalada em Rafah. Agora mesmo Israel dá de ombros para uma decisão da Corte Internacional de Justiça, tribunal máximo da ONU, e mantém os ataques a Rafah.
Cada vez mais isolado, Netanyahu está
isolando Israel no mundo e, segundo a diplomacia brasileira, até os EUA
evoluíram do apoio incondicional a uma posição mais desconfiada e, enfim, à
negativa de armamento. Estima-se que, de 36 mil mortos, 70% sejam crianças,
idosos e mulheres, provocando um grito que se espalhas por universidades,
organizações civis e governos mundo afora: Basta!
O Itamaraty registra que as votações no
Conselho de Segurança e na Assembleia-Geral da ONU, apesar da derrota objetiva,
são “uma vitória política e moral”. Na assembleia, 143 votos a favor e 12
contra. A resistência vem do G7, grupo da maiores economias mundiais. Na série
história do conselho, aliás, houve 49 vetos americanos em temas relacionados à
Palestina.
Exemplo: foi o veto dos EUA que derrubou a
resolução apresentada pelo Brasil ao conselho em outubro de 2023, que poderia
ter salvo milhares de vidas. Os pilares da posição brasileira são: condenação a
atos terroristas, cessar fogo, libertação dos reféns e acesso da ajuda
humanitária, resumindo que Israel tem direito à autodefesa após o ataque do
Hamas que chocou o mundo, mas a reação é desproporcional.
O presidente Lula fechou a boca e parou de
arvorar-se mediador das guerras da Ucrânia e de Israel, deixando a diplomacia
se mover, e o Itamaraty diz que os acontecimentos e as negociações estão
referendando a posição brasileira. Não é o Brasil que se aproxima da posição
dos EUA, mas os EUA que se aproximam da que o Brasil divide com centenas de
países. Os judeus mundo afora precisam traçar uma linha divisória entre Israel
e Netanyahu. Ninguém faz mais mal faz à imagem e ao próprio país do que ele.
2 comentários:
Excelente texto! Destaco uma frase: "Os pilares da posição brasileira são: condenação a atos terroristas, cessar fogo, libertação dos reféns e acesso da ajuda humanitária, resumindo que Israel tem direito à autodefesa após o ataque do Hamas que chocou o mundo, mas a reação é desproporcional."
Apesar desta posição extremamente lógica, a proposta brasileira foi criticada por colunistas brasileiros, que aceitavam a posição estadunidense e a apoiavam contra a proposta do governo Lula e do próprio presidente. Já Magnoli criticava a proposta brasileira apenas para poder criticar Lula. Hoje, poucas pessoas no mundo duvidam que Lula e seu governo tivessem razão naquele momento. E até Magnoli agora critica o criminoso massacre dos militares israelenses contra as mulheres e crianças palestinas! Antes tarde do que nunca...
Pois é.
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