Valor Econômico
Não há pauta previamente definida, ainda que o nó fiscal do país seja onipresente
O encontro desta quarta entre o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva com os dirigentes do Itaú Unibanco (Milton Maluhy
Filho), Bradesco (Marcelo Noronha), Santander (Mario Leão), BTG Pactual (André
Esteves) e, possivelmente, Safra (Alberto Monteiro), além do presidente da
Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, e do presidente do
Conselho da Febraban, Luiz Carlos Trabuco, que também preside o Conselho de
Administração do Bradesco, começou a ser traçado em 14 de junho.
Naquela sexta-feira, Fernando Haddad recebeu esta comitiva quase completa no escritório do Ministério da Fazenda, em São Paulo. O ministro estava no olho do furacão da crise provocada pela devolução da medida provisória da reoneração de 17 setores da economia pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A devolução, que acabou por ter o aval do presidente da República, abriu uma crise sobre as alternativas para reequilibrar um caixa pressionado por despesas crescentes do governo. Ao fim daquele encontro, Isaac Sidney, declarou que Fernando Haddad tinha o apoio do setor para buscar o equilíbrio fiscal. A portas fechadas, os participantes da reunião concluíram pela necessidade de levar esta convergência a Lula.
A necessidade de um encontro com o presidente
voltou a ser discutida no dia 2 de setembro, quando Sidney e Trabuco estiveram
com o presidente. Lula já esteve com alguns dos participantes da reunião desta
quarta separadamente, mas é a primeira vez, desde a posse, que recebe este
conjunto de banqueiros juntos.
Não há pauta previamente definida, ainda que
o nó fiscal do país seja onipresente. Se os banqueiros permanecem em
convergência com a rota sinalizada por Haddad em entrevista a Mônica Bergamo,
na “Folha de S.Paulo” do domingo, de que a reestruturação de despesas “vem na
frente de qualquer coisa”, o presidente não abre mão de promessas de campanha
que exigem novos esforços fiscais, como a isenção do Imposto de Renda para quem
ganha até cinco salários mínimos.
Pela centralidade que o mercado de apostas
tem na agenda tanto do governo quanto da Febraban, o tema também parece
inevitável. Outro tema óbvio é a atração de investimentos, pauta da comitiva
que está em Pequim e é integrada por Gabriel Galípolo. O futuro presidente do
Banco Central viajou determinado a vender a atratividade da indústria de fundos
de investimentos do país para a poupança interna chinesa.
Espera-se que o presidente volte a falar do
encontro que teve, há menos de um mês, em Nova York, com os dirigentes das
agências de risco S&P e Moody’s. Uma semana depois, esta última elevou a
nota de crédito soberano do país.
Também parece difícil que o encontro possa se
desviar do interesse do governo de taxar rendas acima de R$ 1 milhão. A
percepção no setor é que aplicações de renda fixa sobre as quais não incide
Imposto de Renda, como CRA e CRI (certificados de recebíveis do agronegócio e
imobiliários), que hoje atraem investidores dessa faixa de renda, serão
penalizadas. Os bancos médios dependem mais desses fundos do que aquelas
instituições financeiras que estarão representadas no encontro com o
presidente, mas o crédito imobiliário é um tema que preocupa todo o setor.
Outro tema, este de preocupação dos grandes
bancos, que pode vir à tona é o teto para o consignado do INSS. O embate se
avoluma porque, ainda que o Banco Central tenha elevado a Selic, o Conselho
Nacional da Previdência Social (CNPS) resiste a subir o teto. O percentual em
vigor desde junho é de 1,66% para desconto em folha e de 2,46% para operações
com cartão de crédito e cartão consignado.
Um comentário:
Lendo e tentando entender,rs.
Postar um comentário