Andrea Jubé e Caetano Tonet / Valor Econômico
Para vice-presidente do partido, vitórias do centro e da direita nas eleições municipais têm impacto das emendas e acendem sinal amarelo para 2026
De Brasília - O vice-presidente nacional do
PT, senador Humberto Costa (PE), disse ao Valor que está na hora de o partido refletir
sobre a atualidade de sua utopia, bem como sua capacidade de se comunicar com
setores importantes da sociedade, como os trabalhadores de aplicativos. Ele
atribuiu a vitória dos partidos de centro e de direita nas eleições municipais,
em parte, à influência das emendas parlamentares, já que coube a essas legendas
a maior fatia dos recursos. Mas reconheceu que o resultado do pleito é um
indicador importante para 2026.
“Um fator importante nessa disputa foi a
questão das emendas de bancada, emendas individuais, emendas PIX, que terminou
tendo mais influência do que um julgamento positivo ou negativo do governo
federal”, observou Costa, que também é coordenador do Grupo de Trabalho
Eleitoral (GTE) da legenda. Por isso, acha precipitado afirmar que o governo
federal saiu “derrotado”.
Para o senador de Pernambuco, o PT teve um “crescimento moderado” nessas eleições. No primeiro turno, elegeu 248 prefeitos, 65 a mais do que em 2020, quando venceu em 183 municípios. No segundo turno, vai disputar as prefeituras de 13 cidades, sendo quatro capitais.
“Isso representa um processo de recuperação
do partido”, salientou. Argumentou que o PT sofreu um processo de “ataque
sistemático” nos últimos dez anos, a partir do início da Operação Lava-Jato, e
agora conseguiu ampliar um pouco. Lembrou que o melhor desempenho da sigla foi
em 2012, quando elegeu 652 prefeitos, inclusive Fernando Haddad em São Paulo.
Mas reconheceu que o resultado deste ano
acende um sinal amarelo para o partido. “A eleição municipal, dependendo do
cenário, termina sendo um indicador importante do que pode ocorrer mais para
frente”, afirmou. Em 2026, salvo uma reviravolta, o PT tentará reeleger o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por isso, Humberto Costa defende que o
partido, aos 44 anos, faça uma reflexão sobre suas propostas e posições
históricas. “O PT precisa realmente discutir a atualidade da sua utopia, das
suas ideias, mas, principalmente, a comunicação com setores importantes da
sociedade, que sempre acreditaram no PT e têm uma identidade com o partido”,
argumentou.
Essa discussão, segundo o senador, implica
estabelecer um diálogo com os “novos trabalhadores”, como aqueles vinculados
aos aplicativos de entrega ou de transporte. Costa diz que o PT precisa ter o
que dizer para essas pessoas. “Entra nesse debate que falei da utopia petista,
avaliar a potência dessa utopia, o que tem que mudar, e por que tem que mudar”.
Nesse contexto, o senador vê o PT com um
problema “grave no campo da comunicação”. Afirma que a gestão Lula 3 é boa, que
está dando muitas respostas ao país do ponto de vista econômico, “com o
desemprego caindo, a renda da população subindo, perspectivas de futuro, o
Brasil ganhou mais respeitabilidade internacional”.
Acrescenta que os programas sociais foram
reformulados, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está levando obras
para vários Estados, e esse cenário favorável, segundo ele, não estaria
chegando aos brasileiros. “O país está bem, a perspectiva econômica é a melhor
possível, mas as pessoas estão pessimistas quanto à economia, achando que a
vida não melhorou”, observou.
Nesse ponto, Costa admite que a comunicação
pelas redes sociais ainda é de domínio da “extrema-direita”, mas pondera que o
problema vai além de o governo aprender a navegar nas redes ou melhorar a
política de comunicação. “É de abordagem, de avaliar realmente se estamos tendo
a compreensão do que é comunicação nos dias atuais e como a gente se enxerga
nisso”, cobrou.
Sobre o impacto das emendas parlamentares na
vitória do centro e da direita, Costa argumentou que o questionamento judicial
do orçamento secreto, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é uma “boa
oportunidade” para construir um “novo pacto na relação entre governo e
Congresso”.
“Estamos caminhando para um parlamentarismo
pela metade, porque o Congresso não tem as responsabilidades de governar, e, ao
mesmo tempo, tem o direito e a autonomia de executar parte considerável do
Orçamento”, criticou.
Nesse cenário, ele espera que a pressão do
Supremo sobre esse tema obrigue governo e Congresso a chegarem a um acordo.
“Esse impasse pode ser positivo para chegar-se a uma posição de equilíbrio, em
que existam as emendas, mas que o governo não perca o poder de administrar a
execução orçamentária”.
O senador considerou significativas algumas
vitórias pontuais do PT, como chegar ao segundo turno em colégios
conservadores, como Porto Alegre (RS), com a deputada federal Maria do Rosário,
e Cuiabá (MT), com o médico Lúdio Cabral. Lembrou que há anos o PT não
disputava um segundo turno em Natal (RN), onde chegou com a deputada Natália
Bonavides.
Ele minimizou as críticas de que o presidente
Lula não se empenhou em ajudar os aliados. “Ele participou da eleição da
maneira que podia”, defendeu. Citou que o governo enfrentou efeitos das
mudanças climáticas, como queimadas e enchentes, e que o presidente teve
agendas internacionais importantes. E criticou o ex-presidente, que foi um cabo
eleitoral mais atuante. “O [Jair] Bolsonaro é um desocupado, não tem a
responsabilidade de governar”, provocou.
Antes de embarcar para a Rússia, para
participar da cúpula dos Brics, Lula ainda fará agendas com Guilherme Boulos
(Psol) em São Paulo, e passará por Natal (RN) e por Camaçari (BA), na região
metropolitana de Salvador.
2 comentários:
Em vez de discutir a atualidade da utopia petista, o senador deveria ler o " Autoengano " do Eduardo Giannetti da Fonseca.
😏😏😏
A esquerda em queda no Brasil e no mundo está fazendo a sua turma chamar urubu de meu louro está todo mundo mais perdido do que cego em tiroteio
A população se encheu da sua conversa fiada da suas promessas não cumpridas, da sua atitude corrupta de administrar o dinheiro público e principalmente do seu viés autoritário censurando e perseguindo as vozes Pelo Brasil e pelo mundo
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