quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Vitória de Trump compromete projeto brasileiro para a COP30 e o G20 - Míriam Leitão

O Globo

O presidente novamente eleito Donald Trump sempre negou a mudança climática e manterá a mesma toada em seu novo mandato. Na primeira administração do republicano, ele tirou os EUA do Acordo de Paris, movimento inicial da mobilização global com estabelecimento de metas para redução de emissões de gases de efeito estufa. No atual momento, a conjuntura ficou muito mais grave. Com eventos climáticos cada vez mais extremos ficou claro que para cumprir o objetivo de conter o aquecimento global a um grau e meio será necessário aumentar as metas de redução dos gases de efeito estufa e é por isso que o Brasil está propondo a elevação das ambições, ou seja, das NDCs, como se denominam as metas nacionalmente determinadas, com o objetivo final de deter o aquecimento global a esse nível.

O Brasil é líder dessa conversa sobre aumento das metas de redução das emissões e quer exatamente que isso seja sacramentado na COP30 do ano que vem. Inicia a conversa agora, na COP que será no Azerbaijão, para sacramentar na conferência em Belém em 2025. Esse é o projeto do Brasil, e que faria uma diferença grande no contexto global. O Brasil é sempre o pioneiro na questão climática. É bom lembrar que toda essa conversa começou na Rio 92, tanto no clima quanto na biodiversidade, as duas convenções históricas nascidas no Rio. E agora, em Belém, esse era o sonho.

Com a eleição de Trump, no entanto, os Estados Unidos, maior emissor entre todos os países, devem sair do acordo, e isso é uma complicação enorme para a COP30, mas principalmente para o clima.

Apesar dos sinais de mudança climática cada vez mais graves, Trump sinaliza que caminhará na direção contrária da agenda global. Na última COP, em Dubai, foi iniciada uma discussão sobre a redução da produção e do consumo de petróleo. Trump está falando em aumentar a produção.

A volta de Trump à presidência americana afeta também a nossa ambição no G20. O Brasil fez uma inovação na presidência do grupo das maiores economias do mundo ao unir finanças ao clima. O ministro Fernando Haddad e a ministra Marina Silva estiveram sempre juntos nas reuniões do G20 no Brasil no que eles chamam de a trilha finanças-clima.

Agora tudo se complica, porque nos EUA essa é uma área em que se espera um retrocesso muito grande. Isso acontece justamente quando as mudanças climáticas estão se fazendo sentir mais seriamente, inclusive nos Estados Unidos, com furacões e tempestades completamente fora do padrão.

 

4 comentários:

Mais um amador disse...

Vamos lá:

• Meu, o Laranjão foi eleito ontem, ponto.

• " O Brasil é líder dessa conversa " sobre meio ambiente há muito tempo, mas existem reportagens que comprovam que o que se faz para a efetiva preservação das florestas e rios é pouco. Não conseguimos nem oferecer saneamento básico para boa parte da população. Por aqui, fala-se muito e oferece-se pouco.

• Parte das elites brasileiras não querem saber de nada além do que sejam seus próprios interesses. Enquanto isso, os menos organizados e com menos poder de barganha se ajeitam como podem.

Anônimo disse...

Excelentes, tanto o texto da colunista como o comentário acima. É bem isto!

Anônimo disse...

Como sempre a colunista mente e nem sente, maior emissor de CO2 do mundo é a China..... Mais uma coluna fake news da acessora do planalto....

Anônimo disse...

A colunista não falou especificamente sobre CO2, ela falou sobre gases de efeito estufa. Os EUA foram os maiores emissores nas últimas décadas e em todo o século passado, e ainda lideram junto com a China nas 2 décadas recentes. A colunista demonstra claramente uma realidade que não pode ser escondida por ataques mentirosos a ela.