O Globo
É difícil acreditar que um governo Trump
agirá, o que aumentará a responsabilidade da União Europeia em proceder
Elon Musk estava
exultante, na madrugada em que se confirmou a vitória de Donald Trump,
quando subiu com o presidente eleito ao palco. Musk apostou alto naquela
candidatura. Gastou US$ 44 bilhões na compra do Twitter, mudou seu nome para X,
converteu a rede numa plataforma social para o trumpismo, se expôs. E Trump
voltará à Casa Branca.
Ele não era o único, no Vale do Silício, em êxtase. O valor de criptomoedas como o Bitcoin disparou, ontem, animando um dos mais importantes fundos de investimento daquela região da Califórnia, a Andreessen Horowitz. Seus fundadores, preocupados com a regulação do cripto, também estavam entre os principais apoiadores do novo presidente no mundo digital. E, claro, há J. D. Vance, o vice-presidente eleito, indicado por outros tantos nomes grandes.
Os nomes mais radicais do Vale ganharam
acesso direto ao Salão Oval e isto terá impacto na regulação de inúmeras áreas:
carros elétricos e autônomos, inteligência artificial, redes sociais e
criptomoedas. O governo de Joe Biden abriu processos antitruste que ataca
algumas das Big Techs. Estes processos seguirão? Não está claro. Musk tem, mais
que rivais, inimigos — o caso mais evidente é o da OpenAI, empresa da qual foi
um dos fundadores e de onde saiu numa briga pública. Ele tem, também,
interesses. Sua SpaceX vive de servir ao governo. A ele, foi oferecido um cargo
de “deburocratização” do Estado.
Ainda não está claro quão longe Donald Trump
estará disposto a ir para ajudar aqueles que estiveram ao seu lado durante a
campanha. Mas democracias têm interesse direto na regulação de áreas delicadas,
como IA e as próprias redes, que têm papel importante na polarização da
sociedade. É difícil acreditar que um governo Trump agirá, o que aumentará a
responsabilidade da União Europeia em proceder.
É ainda mais difícil antecipar como aquele
naco do Vale que não estava ao lado de Trump agirá. No início, certamente, com
cautela. O que dá para afirmar é que nada será como antes. A parte libertária e
anti-Estado da revolução digital acaba de chegar ao comando do próprio Estado.
Um comentário:
É verdade, Trump não foi o único canalha a vencer, ele tem vários cúmplices.
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