O Estado de S. Paulo
Impopularidade e inflação andam juntas e,
quando disparam, ninguém segura
Impopularidade de presidentes é como
inflação: ambas começam por motivos objetivos, passam a sofrer efeito
psicológico, se retroalimentar e fugir do controle. Lula enfrenta
impopularidade e inflação em alta ao mesmo tempo, até porque as duas têm tudo a
ver e, juntas, foram decisivas, por exemplo, para Trump e Milei derrotarem os
candidatos à reeleição nos EUA e na Argentina.
E não estavam sozinhas, pois foram e são
embaladas pela crise e o descrédito do sistema político e instituições mundo
afora e foram e são massificadas pela orquestração da oposição na internet, que
se transformou no grande fator político, capaz de confundir líderes e opinião
pública.
A pesquisa Quaest desta semana é devastadora para Lula, reprovado por mais de 60% em São Paulo, Minas e Rio, os maiores eleitorados do País, e em queda acentuada em Pernambuco, seu Estado natal, onde é campeão de votos faça chuva ou faça sol, e na Bahia, governada pelo PT há duas décadas. Aliás, por Rui Costa e Jaques Wagner. Lula venceu em 2022 por margem apertada. E sem o Nordeste?
Lula 3 concilia um líder cansado e
desatualizado, falta de estratégia, rumo e marca, base parlamentar frágil e
oposição feroz e ativa nas redes sociais, sem perspectiva de melhora. Lula, seu
governo, Congresso e oposição não vão mudar – nem com a “reforma ministerial”,
que está virando dança de cadeiras do PT, nem com a eventual, ou previsível,
prisão de Jair Bolsonaro.
Lula teve o grande momento na vitória, na
posse colorida, no enfrentamento do 8/1 e no belo slogan “o Brasil voltou”, mas
foram todos simbólicos, animadores de torcida. O problema começou junto com a
rotina, decisões, ações, sinalizações, quando foi ficando claro algo
constrangedor: Lula não tinha assimilado as mudanças do Brasil e do mundo, nem
na política, nem na economia, nem na comunicação. Estava no passado.
Teria sido fácil brilhar na comparação com
Bolsonaro em política externa, saúde, educação, cultura, ambiente..., mas
alguém é capaz de lembrar algum golaço em alguma delas? O que todos lembramos é
Lula estendendo tapete vermelho para Maduro, a dengue disparando, as
interferências na Petrobras, a insistência na exploração de petróleo na Margem
Equatorial.
Se algo andou bem foi na economia no primeiro
ano, mas, assim como São Sidônio Palmeira, Dom Fernando Haddad não faz milagre
e vem dando sinais de cansaço ao ser atacado pelo PT e desautorizado por Lula.
Sobre Janja, não se fala, mas não custa
lembrar que Lula reclamou nas redes de coluna minha publicada neste espaço, em
setembro de 2021, que me parece bem atual. Título: “Golpe de mestre”. Um golpe
de mestre que Lula não soube dar.
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